quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Ano VI - Rio das Ostras - Edição Dezembro 2022

 Editorial 

Lágrimas

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” — Jesus. (Mt. 11:28.)

Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de ânimo. Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento. O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. Considerando assim, Jesus, que era o Mestre da confiança e do otimismo, chamava ao seu coração todos os que estivessem cansados e oprimidos sob o peso de desenganos terrestres. Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação. Muita gente acredita na lágrima sintoma de fraqueza espiritual. No entanto, Maria soluçou no Calvário; Pedro lastimou-se, depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às portas de Damasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio... mas, nenhum deles derramou lágrimas sem esperança. Prantearam e seguiram o caminho do Senhor, sofreram e anunciaram a Boa Nova da Redenção, padeceram e morreram leais na confiança suprema. O cansaço experimentado por amor ao Cristo converte-se em fortaleza, as cadeias levadas ao seu olhar magnânimo transformam-se em laços divinos de salvação. Caracterizam-se as lágrimas através de origens específicas. Quando nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais.

(Mensagem Emmanuel, do livro Caminho, verdade e Vida de Francisco Cândido Xavier)


 Na Via Pública

Demonstrar, com exemplos, que o espírita é cristão em qualquer local.

A Vinha do Senhor é o mundo inteiro.

Colaborar na higiene das vias públicas, não atirando detritos nas calçadas e nas sarjetas.

As pessoas de bons costumes se revelam nos menores atos.

Consagrar os direitos alheios, usando cordialidade e brandura com todo transeunte, seja ele quem for.

O culto da caridade não exige circunstâncias especiais.

Cumprimentar com serenidade e alegria as pessoas que convivem conosco, inspirando-lhes confiança.

A saudação fraterna é cartão de paz.

Exteriorizar gentileza e compreensão para com todos, prestando de boamente informações aos que se interessem por elas, auxiliando as crianças, os enfermos e as pessoas fatigadas em meio ao trânsito público, nesse ou naquele mister.

Alguns instantes de solidariedade semeiam simpatia e júbilo para sempre.

Coibir-se de provocar alarido na multidão, através de gritos ou brincadeiras inconvenientes, mantendo silêncio e respeito, junto às residências particulares, e justa veneração diante dos hospitais e das escolas, dos templos e dos presídios.

A elegância moral é o selo vivo da educação.

Abolir o divertimento impiedoso com os mutilados, com os enfermos mentais, com os mendigos e com os animais que nos surjam à frente.

Os menos felizes são credores de maior compaixão.

Proteger, com desvelo, caminhos e jardins, monumentos e pisos, árvores e demais recursos de beleza e conforto, dos lugares onde estiver.

O logradouro público é salão de visita para toda a comunidade.

“Vede prudentemente como andais.” — Paulo. (Ef. 5:15.)

(André Luiz no livro Conduta Espírita de Francisco Cândido Xavier)

 



Determinação

É de senso comum das criaturas iluminadas, que devemos ter dois tipos de conduta, para que possamos estar bem com nós mesmos, copiando, às vezes, certas áreas da política mundana: a ditadura e a democracia.

A ditadura deve ser usada na determinação diante de nós mesmos.

Dar ordens severas na correção das nossas atitudes, para que se corrija o que não deve ser feito, aprimorando o Bem em todas as latitudes em que o Amor e a Caridade sejam o ponto sagrado das atenções.

Avançar no campo onde o desleixo invadiu a ordem e fez desaparecer a harmonia; revestir-se de coragem para estabelecer a brandura onde a exigência polui os sentimentos de fraternidade e nunca se esquecer de alimentar o respeito em todos os departamentos em que a educação deve instalar-se; definir, no campo imenso da mente, as linhas das atitudes, e não deixar que pensamentos sem disciplina invadam os corredores da fala; policiar permanentemente todos os gestos e manter guarda no que deve ser feito?

Essa é a audácia de que deves ser dotado para com o teu mundo interno.

A democracia deve ser ampliada no que tange ao exterior, observando os direitos alheios e capacitando todos os entendimentos para que saibas até onde não deves interferir na vida dos outros, enriquecendo o respeito às criaturas, sabendo ouvir os irmãos em caminho, ajudando-os naquilo que estiver ao teu alcance.

Democracia é fraternidade, é entender os direitos dos semelhantes; é, quando falamos, sentirmo-nos na qualidade de ouvintes, dando tempo para que o outro também fale, mostrando sua opinião e, certamente, suas experiências.

A escola externa difere da interna. São duas forças paralelas, mas com objetivos idênticos: a perfeição da criatura.

A educação interna objetiva o intercâmbio nas esferas exteriores.

O homem que já descobriu a si mesmo é valorizado em todas as dimensões da vida.

A primeira coisa que fazemos, quando desencarnamos, se a nossa disposição for para o bem, é ver o que precisa ser mudado em nossa conduta.

Morrer é viajar e o que levamos é somente o que somos.

Essa é a realidade.

Se já sabemos desta verdade, por que não começarmos a nos educar, quando na carne?

Ganhamos tempo, ganhamos espaço e ganhamos paz.

O "esquecermos a nós mesmos", de que as escolas de iniciação nos falam, é esquecer aquilo em que somos errados.

Há muita gente que perde tempo e gasta até dinheiro na autovalorização, esquecendo-se de que nada se faz sem os outros.

Quando estamos movidos pela vaidade, queremos nos apresentar sempre com aquilo que ainda não fizemos.

Se fizeste alguma coisa de bom, silencia, que o bem propaga o próprio bem sem a tua intervenção, pelas linhas naturais capazes de falar a verdade sem deturpar a harmonia da própria verdade.

Ganha o teu tempo servindo e não exigindo; amando e não pedindo amor; trabalhando e não explorando o trabalho alheio; abençoando e não pedindo bênçãos, sem que haja o teu esforço na aquisição da tua paz.

Determina as tuas diretrizes nas diretrizes do Cristo e conserta a ti próprio, sem exigir que os teus irmãos façam o mesmo.

De todo o bem que fizeres, receberás a maior parte.

Lembra-te disso, e nunca farás barulho com a melhora da tua conduta.

Cortando tuas arestas internas, o exterior mostrar-te-á novo dia.

(Lancellin, no livro Cirurgia Moral de João Nunes Maia)



terça-feira, 1 de novembro de 2022

Ano VI - Rio das Ostras - Edição Novembro 2022

 Editorial

 

Não desfalecer

 

... “Orar sempre e nunca desfalecer.” – Lucas, 18:1

 

Não permitas que o serviço do próprio corpo te inabilite para a solução dos problemas externos, inclusive os da tua própria iluminação espiritual.

Enquanto te encontras no plano de exercício, qual a Crosta da Terra, sempre serás defrontado pela dificuldade e pela dor.

A lição dada é caminho para novas lições. Atrás do enigma resolvido, outros enigmas aparecem.

Outra não pode ser a função da escola, senão ensinar, exercitar e aperfeiçoar.

Enche-te, pois, de calma e bom ânimo, em todas as situações.

Foste colocado entre obstáculos mil de natureza estranha para que, vencendo inibições fora de ti, aprendas a superar as próprias limitações.

Enquanto a comunidade terrestre não se adaptar à nova luz, respirarás cercado de lágrimas inquietantes, de gestos impensados e de sentimentos escuros.

Dispõe-te a desculpar e auxiliar sempre, a fim de que não percas a gloriosa oportunidade de crescimento espiritual.

Lembra-te de todas as aflições que rodearam o espírito cristão, no mundo, desde a vinda do Senhor.

Onde está o Sinédrio que condenou o Amigo Celeste à morte?

Onde os romanos vaidosos e dominadores?

Onde os verdugos da Boa Nova nascente?

Onde os guerreiros que desabotoaram, em torno do Evangelho, rios escuros de sangue e suor?

Onde os príncipes astutos que combateram e negociaram em nome do Renovador Crucificado?

Onde as trevas da Idade Média?

Onde os políticos e inquisidores de todos os matizes que feriram, em nome do Excelso Benfeitor?

Arrojados pelo tempo aos despenhadeiros de cinza, fortaleceram e consolidaram o pedestal de luz, em que a figura do Cristo resplandece, cada vez mais gloriosa, no governo dos séculos.

Centraliza-te no esforço de auxiliar no bem comum, seguindo com a tua cruz, ao encontro da ressurreição divina.

Nas surpresas constrangedoras da marcha, recorda que antes de tudo, importa orar sempre, trabalhando, servindo, aprendendo, amando e nunca desfalecer.

Ao longo de teus passos, aparece no mundo a sementeira do bem, que te pede renúncia e boa vontade, sacrifício e compreensão.

O mensageiro do Cristo é o braço do Evangelho.

(Emmanuel no livro Alvorada do Reino de Francisco Cândido Xavier)

 


Deixar aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos

7. Disse a outro: Segue-me; e o outro respondeu: Senhor, consente que, primeiro, eu vá enterrar meu pai. - Jesus lhe retrucou: Deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o reino de Deus. (S. LUCAS, cap. IX, vv. 59 e 60.)

8. Que podem significar estas palavras: "Deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos"? As considerações precedentes mostram, em primeiro lugar, que, nas circunstâncias em que foram proferidas, não podiam conter censura àquele que considerava um dever de piedade filial ir sepultar seu pai. Tem, no entanto, um sentido profundo, que só o conhecimento mais completo da vida espiritual podia tomar perceptível. A vida espiritual é, com efeito, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da outra. O corpo não passa de simples vestimenta grosseira que temporariamente cobre o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, do qual se sente ele feliz em libertar-se. O respeito que aos mortos se consagra não é a matéria que o inspira; é, pela lembrança, o Espírito ausente quem o infunde. Ele é análogo àquele que se vota aos objetos que lhe pertenceram, que ele tocou e que as pessoas que lhe são afeiçoadas guardam como relíquias. Era isso o que aquele homem não podia por si mesmo compreender. Jesus lho ensina, dizendo: Não te preocupes com o corpo, pensa antes no Espírito; vai ensinar o reino de Deus; vai dizer aos homens que a pátria deles não é a Terra, mas o céu, porquanto somente lá transcorre a verdadeira vida.

(ESSE – Cap. XXIII)

 


 

Ação da prece - Transmissão do pensamento

 

A prece é uma invocação. Por meio dela pomos o pensamento em relação com o ente a quem nos dirigimos.

Ela pode ter por escopo, um pedido, um agradecimento ou uma glorificação. Pode-se dizer para si ou para os mortos.

As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução da sua vontade; as que são dirigidas aos bons Espíritos são levadas a Deus.

Quando se ora a outros seres, além de Deus, é simplesmente como a intermediários ou intercessores, pois nada se pode obter sem a vontade de Deus.

O Espiritismo faz compreender a ação da prece explicando o processo da transmissão do pensamento: quer o ser por quem se ora venha ao nosso chamado, quer o nosso pensamento chegue até ele. (Vide "O Evangelho Segundo o Espiritismo").

Para compreender o que se passa nessa circunstância, convém afigurar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no mesmo fluido universal que ocupa o espaço, como neste planeta estamos nós na atmosfera. Esse fluido recebe uma impulsão da vontade.

É o veículo do som com a diferença que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito.

Então, logo que o pensamento é dirigido para um ser qualquer na Terra ou no espaço, de encarnado a desencarnado ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um para outro, transmitindo o pensamento como o ar transmite o som.

A energia da corrente está na razão da energia do pensamento e da vontade.

É por esse meio que a prece é ouvida pelos Espíritos onde quer que estejam; que eles se comunicam entre si; que nos transmitem as suas inspirações; que as relações se estabelecem à distância, entre os encarnados, etc.

Esta explicação é principalmente dada a quem não compreende a utilidade da prece puramente mística.

Não tem por fim materializar a prece, mas dar-lhe efeito inteligível, demonstrando que ela pode ter ação direta efetiva, sem, por isso, deixar de ser subordinada à vontade de Deus, Juiz Supremo de todas as coisas, do qual somente depende a eficácia da ação.

Allan Kardec

(Cap. V do livro Preces Espíritas de Cairbar Schutel)

 


sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Ano IV - Rio das Ostras - Edição Outubro 2022

 Editorial

 Convite à Paciência

 “... Em muita paciência, em aflições, em necessidades, em angústias.”

(II Coríntios: capítulo 6o, versículo 4.)

 

Antiga lenda nórdica narra que alguém perguntou a um sábio como poderia ele explicar a eternidade do tempo e do espaço.

O missionário meditou, e apontando colossal montanha de granito que desafiava as alturas, respondeu com simplicidade: “Suponhamos que uma avezita se proponha a desbastar a rocha imponente, paulatina, insistentemente, atritando o bico de encontro à pedra. Quando houver destruído tudo, estará apenas iniciando a eternidade...”

 *

 A paciência é o fator que representa, de maneira mais eficiente, o equilíbrio do homem que se candidata a qualquer mister.

Fácil é o entusiasmo do primeiro impulso, comum é o desencanto da terceira hora.

A paciência é a medida metódica e eficaz que ensina a produzir no momento exato a tarefa correta.

Diante do que devemos fazer, não poucas vezes somos acionados pelos implementos da precipitação.

Frente às tarefas acumuladas e aos problemas, indispensável façamos demorado exame e cuidada reflexão antes de apressar atitudes.

Precipitação traduz desarmonia, perturbação, com agravante

desconsideração ao tempo.

A paciência significa autoconfiança.

A pirâmide se ergueu bloco a bloco.

As construções grandiosas resultaram da colocação de peça sobre peça.

As gigantescas sequoias se desenvolveram célula a célula.

O que hoje não consigas, perseverando com dignidade e paciência, lograrás amanhã.

Paciência não quer dizer amolentamento, mas dinâmica eficiente e nobre de produzir diante dos deveres que nos competem desdobrar.

Ao lado de alguém que nos subestima — paciência.

Entre as dores que nos chegam — paciência.

Ante o rebelde que nos atormenta — paciência.

O tempo é mestre eficiente que a todos ensina, no momento próprio, com a lição exata plasmando o de que cada um necessita a benefício de si mesmo.

Jesus, acompanhando e inspirando o progresso da Terra, pacientemente espera que o homem se volte para Ele, a fim de que, encarregado da nossa felicidade, possa dirigir-nos pelo caminho que leva a Deus. Em qualquer circunstância, pois, paz e paciência para o êxito do empreendimento encetado.

(Joanna de Ângelis, no livro Convites da Vida de Divaldo Pereira Franco)

 


As Bem-aventuranças

 Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo: Bem-aventurados os pobres de espírito, por que deles é o Reino dos céus; bem-aventurados os que choram, por que eles serão consolados; bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. (Mateus 5:1-12)

As “bem-aventuranças” constituem um extraordinário cântico de amor e de compaixão dirigido, em especial, aos sofredores, oferecendo-lhes a esperança de dias melhores.

Neste contexto, o espírita e todas as pessoas que já exercitam “os olhos de ver”, encontram nelas uma rota de redenção espiritual.

A multidão a quem Jesus se dirige são os cansados e os oprimidos pelo peso das provações que, esperançosos, aguardam o momento de melhoria evolutiva com o Cristo.

A consolação, referida pelo texto, é mais do que uma palavra, atitude de reconforto ou simples balsamização. Representa uma oportunidade de trabalho em benefício dos que sofrem por promover a vivência da caridade.

O legado do Cristo é a mensagem de amor, consubstanciada no seu Evangelho. Desta forma, torna-se necessário, para sermos felizes, seguir as suas orientações como um roteiro de vida.

Se somos carentes de misericórdia, precisamos, para recebê-la, exercê-la com parentes, amigos e inimigos, superiores e subalternos, porque “é dando que se recebe”, ou seja, o que oferecemos à vida, a vida nos restitui.

Praticando o perdão, experimentamos o consolo de sermos perdoados. Situados como devedores perante a Lei, a misericórdia por nós operada voltará em nosso benefício, atenuando, por sua vez, os nossos débitos.

Em nosso mundo, raramente acatamos o código de justiça trazido por Jesus, ilustrado com os próprios exemplos. O discípulo fiel, porém, deve insistir na vivência do Evangelho, ainda que sob o peso de sacrifícios.

(Pauta de estudo do EADE Livro II – Mod. II – Roteiro 1 – FEB)

 


 Filhos de Deus

"Na vossa paciência, possui as nossas almas". - Jesus (Lucas, 21:19)

 Afinal de contas, ter paciência não será sorrir para as maldades humanas, nem coonestar suas atividades indignas sobre a face do mundo.

Concordar alguém com todos os males da senda terrestre, a pretexto de revelar essa virtude, seria um contrassenso absurdo.

Ter paciência, então, será resistir aos impulsos inferiores que nos cerquem na estrada evolutiva, conduzindo todo o bem que nos seja possível aos seres e coisas que se achem diante de nós, como a representação desses mesmos Impulsos. Jesus foi o modelo da paciência suprema e resistiu a nossa inferioridade, amando-nos.

Não se nivelou com as nossas fraquezas, mas valeu-se de todas as ocasiões para nos melhorar e conduzir ao bem. Sua misericórdia tomou os nossos pecados e transformou cada um em profunda lição para a reforma de nós mesmos.

Não aplaudiu as nossas misérias, nem sorriu para os nossos erros, mas compreendeu-nos as deficiências e amparou-nos. Embora tudo isso, resistiu-nos sempre, dentro de seu amor, até a cruz do martírio.

A paciência do Cristo e um livro aberto para todos os corações inclinados ao bem e a verdade.

Somente pela sincera resistência ao mal, com a disposição fiel de transformá-lo no bem, conseguireis possuir as vossas almas.

Ao contrário disso, ainda que vos sintais autônomos e fortes, vos mesmos e que sereis possuídos por tendências indignas ou sentimentos inferiores.

Portanto, justo e que busqueis saber, hoje mesmo, se já possuis os vossos corações ou se estais ocupados pelas forças estranhas ao vosso título de filho de Deus.

(Emmanuel, no livro Segue-me de Francisco Cândido Xavier)



quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Ano VI - Rio das Ostras - Edição Setembro 2022

 Editorial

 Nunca Sem Esperança

Nunca percas a esperança.

Se o pranto te encharca a existência, recorre a Deus no exercício do bem e acharás Deus nas entranhas da própria alma, a propiciar-te consolo.

Se sofres incompreensão, auxilia ainda e sempre aos que te não entendem e encontrarás Deus no imo do próprio espírito, a fortalecer-te com o bálsamo da piedade pelos que se desequilibram na sombra. Se tem menosprezam ou te injuriam, guarda-te em silêncio no auxílio ao próximo e surpreenderás Deus no íntimo de teus mais íntimos pensamentos, prestigiando-te as intenções. Se te golpeiam ou censuram, cala-te edificando a felicidade dos que te rodeiam e Deus falará por ti na voz inarticulada do tempo.

E, se erraste, não tombes em desespero, mas, trabalhando e servindo receberás de Deus a oportunidade da retificação e da paz. Sejam quais forem as aflições e problemas que te agitem a estrada, confia em Deus, amando e construindo, perdoando e amparando sempre, porque Deus, acima de todas as calamidades e de todas as lágrimas, te fará sobreviver, abençoando-te a vida e sustentando-te o coração.

(Meimei, no livro Coragem de Francisco Cândido Xavier)


A Indulgência

Espíritas, queremos falar-vos hoje da indulgência, sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso. A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los. Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente, e, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma escusa para eles, escusa plausível, séria, não das que, com aparência de atenuar a falta, mais a evidenciam com pérfida intenção.

A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados.

Quando criticais, que consequência se há de tirar das vossas palavras? A de que não tereis feito o que reprovais, visto que estais a censurar; que valeis mais do que o culpado. O homens! quando será que julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos? Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros. Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os pensamentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou condena o que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos.

Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes: anátema! tereis, quiçá, cometido faltas mais graves. Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita.

(José, Espírito protetor, Bordéus, 1863, ESE Cap. X – Item 16) 



Aspirações e Trabalho

Todos nós aspiramos conseguir determinada realização em determinados ideais, mas todos necessitamos complementar qualidades para as aquisições de demandados.

Querias um casamento perfeito e a Divina Providência te concedeu um matrimônio em que te aperfeiçoes. Considerando que não somos seres angélicos e sim criaturas humanas, recebeste uma esposa ou vice-versa para um encontro feliz, entendendo-se, porém, que esse encontro não exclui o aprendizado da abnegação, através da solidariedade recíproca.

Desejavas filhos queridos que te concretizassem os sonhos e a vida te entregou filhos amados que te ofertam os mais altos testemunhos de ternura, entretanto, ei-los que exigem de ti sacrifício e renúncia a fim de que se façam educados e felizes.

Sonhavas com certos empreendimentos, em matéria de arte e cultura, indústria e administração e atraíste semelhantes encargos, no entanto, qualquer deles te angaria o êxito com vantagens compensadoras, se te entregares, sinceramente, à disciplina e à responsabilidade.

Esperavas amigos, em cujos ombros te apoiasses para viver e esses amigos apareceram, porém, a fim de conservá-los, será preciso aceitá-los tais quais são, com o dever de compreendê-los e auxiliá-los tanto quanto aguardas de cada um deles entendimento e cooperação, nas áreas do apoio mútuo.

Efetivamente queremos essa ou aquela premiação da vida, mas não nos esqueçamos de que a vida nos pede a retribuição de todos os valores que venhamos a conquistar com o trabalho na edificação do bem, de vez que também no campo da alma para receber é preciso dar, porquanto, em qualquer setor da existência, daquilo que se planta é que será justo colher.

(Emmanuel, no livro Convivência de Francisco Cândido Xavier)

 




 

Ano VI - Rio das Ostras - Edição Agosto 2022

 Nota de esclarecimento

Por motivos alheios à nossa escolha, não tivemos possibilidade de preparar a edição deste mês. Pedimos desculpas aos amigos que se beneficiam das mensagens e informações que são publicadas mensalmente em nosso jornal e agradecemos a compreensão de todos.

CESC

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Ano VI - Rio das Ostras - Edição Julho 2022

 Editorial

 Dádivas Ocultas

Recorda a caridade oculta em que te equilibras, por amor da Providência Divina, e não desdenhes auxiliar sem repouso para que teus passos não se percam nos labirintos da ingratidão.

Desde o alicerce do templo da carne em que te refugias, ampara-te o Senhor de mil modos.

Não há preço amoedado para o colo maternal em que se plasma o corpo, não há retribuição humana com que possas solver as dívidas do berço e nem existe ouro terrestre capaz de redimir-te, perante a mão carinhosa que te orientou os passos.

Toda experiência no mundo não é mais que um dilúvio de graças do Céu, benfazejas e anônimas, assegurando-te estabilidade e alegria sem pagamento e sem propaganda.

A Terra em que te apoias...

O aconchego do lar...

Os tesouros da escola...

O ar que alimenta...

O pão que nutre a mesa...

A fonte que te alivia...

O trabalho que te auxilia...

O amigo que te abençoa...

Não digas, assim, que o infortúnio de teu irmão é incomodo aos teus dias, porque teus dias, em si mesmos, não são mais que o Socorro Divino, em forma de ensejo santo.

Aprende a auxiliar a todo momento para que não desmereças do auxílio em que te fazes devedor em todo instante da vida.

Lembra-te de que todos os valores reais da senda não possuem preço na Terra e dispõe-te a estender, sem alarde, os recursos que o teu serviço possa criar em favor dos outros.

Sobretudo, não cobres o imposto do reconhecimento a quem conduzas a migalhas de teu consolo, entendendo que o Erário Divino nunca te reclamou pela assistência contínua com que te assegura a benção da própria marcha.

Não olvides, assim, que o Universo é o eterno “doar-se de Nosso Pai” e, que cerceando a corrente divina do amor sem seu fluxo infatigável, a pretexto de atender nossos inferiores caprichos, nada mais fazemos que impor ao organismo excelso da vida a cristalização de nossa própria sombra, fugindo à glória da luz e decretando para nós mesmos longos períodos de reajuste no vale tenebroso da purgação e da morte.

(Mensagem de Emmanuel no livro Abençoa Sempre de Francisco Cândido Xavier)

 


 

Obediência e resignação

A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antiguidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifico e da renúncia carnal.

Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. Digo, apenas, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, por si só, horizontes que a multidão somente mais tarde verá, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um fim menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos à impulsão que vimos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Ai do espírito preguiçoso, ai daquele que cerra o seu entendimento! Ai dele! porquanto nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, lhe aplicaremos o látego e lhe submeteremos a vontade rebelde, por meio da dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa terá de, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouvido aos ensinos. - Lázaro. (Paris, 1863.)

(Item 8 – Cap. IX do Evangelho Segundo o espiritismo de Allan Kardec)

 


 

Amor e Perdão

Verdadeiramente amar é nunca ter que perdoar, pois quem ama não se sente agredido por qualquer atitude do outro. O amor, dessa forma, perdoa sempre, compreendendo o nível de evolução do outro.

As agressões que porventura recebamos daqueles a quem mais dedicamos amor e que nos ferem a alma, são oportunidades de testar o nosso sentimento, conhecendo-lhe a natureza. Perdoar não é esquecer por esquecer.

É compreender e colocar-se no lugar do outro. O amor para existir, diante da agressão a nós por parte de alguém que amamos, deve, antes de tudo, compreender, isto é, colocar-se também como alguém que poderia, nas mesmas circunstâncias, cometer o mesmo equívoco.

Ser perdoado, diante de nossas faltas para com o próximo, sem que ele nada exija, é oportunidade de aprender com o outro, como amar e viver em paz consigo mesmo.  [...]

Às vezes, por gostar de alguém de forma exagerada, perdoamos suas atitudes inadequadas para conosco e com outros, confundindo os sentimentos e desculpando quando cabia a repreensão necessária. Perdão não significa conivência com o mal. Atitudes como essas, isto é, perdoar e desculpar sem limites, incita o outro à prática do mesmo ato reprovável. Isto não é amor, mas, submissão.

O exercício do perdão leva-nos à compreensão da qualidade do sentimento que temos para com alguém. Quem perdoa está a um passo do amor ao outro. Sua constância levará o indivíduo ao caminho da compreensão dos atos humanos e das relações interpessoais. [...]

O amor nos coloca entre aqueles aos quais cabe perdoar. O componente da família que conosco se relaciona e com o qual não temos afinidade ou mesmo que sentimos certa aversão, é sempre alguém a quem temos que perdoar e amar em nosso próprio benefício. Sua presença em nossa vida é oportunidade de aprendizagem do amor e do perdão. [...]

A compreensão dos atos humanos requer percepção de nós mesmos. Nada nem ninguém age fora dos limites de Deus. Ele é amor para sempre. Perdoar setenta vezes sete vezes cada tipo de falta cometida é exercício para a instalação do amor em definitivo em nós.

Necessitar do perdão divino para nossas faltas é assumir antecipadamente a culpa. O perdão esperado é alcançado com o trabalho redentor em favor de si mesmo e da vida, amando sempre e construindo um mundo melhor.

(Do livro Amor Sempre de Adenáuer Novaes)



quinta-feira, 2 de junho de 2022

Ano VI - Rio das Ostras - Edição Junho 2022

 Editorial

Ensino espírita

Reunião pública de 11/1/60 Questão nº 3

Se abraçaste na Doutrina Espírita o roteiro da própria renovação, em toda parte és naturalmente chamado a fixar-lhe os ensinos.

Administrador, não te limitarás ao controle de patrimônios físicos, porque saberás aplicá-los no bem de todos.

Legislador, não te guardarás na galeria dos privilégios, porque humanizarás os estatutos do povo.

Juiz, não te enquistarás na autoridade de convenção, porque serás em ti mesmo a garantia do Direito correto.

Médico, não estarás circunscrito ao órgão enfermo, porque auscultarás, igualmente, a alma que sofre.

Professor, não terás nos discípulos meros associados no estudo dos números e das letras, mas verdadeiros filhos do coração.

Negociante, não farás do comércio a feira dos interesses inferiores, mas a escola da fraternidade e do auxílio.

Operário, não furtarás o tempo, no exercício da rebeldia, mas vigiarás, satisfeito, o desempenho das próprias obrigações.

Lavrador, não serás sanguessuga insaciável da terra, mas recolher-lhe-ás os produtos, ajudando-a, nobremente, a reverdecer e florir.

Seja qual for a profissão em que te situes, vives convidado a enobrecê-la com o selo de tua fé, moldada nos valores humanos, porquanto, na responsabilidade espírita, toda ação no bem precisa ultrapassar o dever para que o ato de servir se converta em amor.

Hoje e agora, onde estivermos, segundo os nossos princípios, somos constantemente induzidos a lecionar disciplinas de entendimento e conduta.

Aqui é a solidariedade, ali é a fidelidade aos compromissos, adiante é a compreensão, mais além, é a renúncia...

Aqui é o devotamento ao trabalho, ali é a paciência, adiante é o perdão incondicional, mais além é o espírito de sacrifício...

Doutrina Espírita, na essência, é universidade de redenção.

E cada um de seus profitentes ou alunos, por força da obrigação no burilamento interior, é obrigado a educar-se para educar.

É por isso que, se lhe esposaste as tarefas, seja esse ou aquele o setor de tuas atividades, estarás, cada dia, ensinando o caminho da elevação, na cadeira do exemplo.

(Emmanuel no livro Seara dos Médiuns de Francisco Cândido Xavier )

 


 

Á luz do Espiritismo

...

 O problema da alma e a vida futura têm hoje a mesma atualidade que em épocas mui recuadas.

O homem das viagens espaciais e das pesquisas submarinas, à semelhança dos guerreiros, pensadores e investigadores da antiguidade, encontra-se perturbado e inseguro quanto às realidades do Espírito imortal, atravessando os pórticos da morte com a mente atônita e o coração vencido, preso às linhas vigorosas da retaguarda, na Terra.

[...]

Depois do advento do Espiritismo, que projeta nova luz em torno dos fundamentos da vida, o homem pôde libertar-se das aflições, entre as quais o temor da morte, e assim "encarar sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma ideia tão exata quanto possível, o que denota da parte do Espírito encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria."

Considerando as nobres conquistas hodiernas, cuja colaboração ao progresso humano são incontestáveis, diversas escolas do Cristianismo ainda se demoram aferradas, lamentavelmente, aos velhos dogmas sobre o Céu e o Inferno, inferindo da letra bíblica, em que se dizem apoiar, ensinos absurdos, positivamente contrários à Boa Nova, cuja Mensagem deve sempre ser examinada em "espírito e verdade."

" Uma só existência corporal - assinala o iluminado Codificador do Espiritismo - é manifestamente insuficiente para o Espírito adquirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra. ...

"Cada existência é assim um passo avante no caminho do progresso. ...

"No intervalo das existências corporais o Espírito torna a entrar no mundo espiritual, onde é feliz ou desgraçado segundo o bem ou o mal que fez. ...

[...]

"Seja qual for a duração do castigo na vida espiritual ou na Terra, onde quer que se verifique, tem sempre um termo, próximo ou remoto"...

...E os Espíritos, que "são as vozes do Céu", confirmam as conclusões do lídimo instrumento elegido pelo Senhor para favorecer a Humanidade com roteiros seguros no rumo inevitável da Imortalidade.

[...]

A luz do Espiritismo dirime-se equívocos, equacionam-se problemas, corrigem-se enganos, aclaram-se conceitos, modificam-se opiniões, surgem roteiros novos, estabelecem-se diretrizes seguras, valorizam-se labores e tarefas, clareiam-se consciências, modificam-se os painéis da vida, e a morte se transforma em abençoado veículo para a Imortalidade, porque o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, conduzindo os homens aos paramos da Verdade.

[...]

Por essa razão, ao ensejo dos movimentos de Evangelização Infantil, de Juventudes e Mocidades Espíritas - abençoadas florações da esperança para o futuro com Jesus Cristo - que surgem como antemanhãs da Era Nova, conclamamos infantes, moços e velhos ao estudo e à prática do Espiritismo, do que decorrem a felicidade e a paz para o Espírito humano em refregas justas e necessárias à própria libertação.

Compenetrando-nos, desse modo, todos nós, dos dois planos da vida, das verdades que brilham nas facetas luminosas do diamante sem jaça do Espiritismo, sigamos confiantes, cobrindo as pegadas de Jesus pelos libertadores caminhos do esclarecimento, da caridade e do amor.

(Joanna de Ângelis no livro À luz do espiritismo de Divaldo P. Franco)

 


 

 Como conhecer a ti mesmo

O conhecimento é a base da própria vida.

A sabedoria abre caminhos novos para que possamos sentir e mesmo desfrutar da felicidade. Não poderá existir civilização sem que a inteligência ocupe algum lugar na pauta dos confortos. Não pode existir progresso sem a intervenção da sabedoria.

Entretanto, ela se divide em duas forças altamente dignas, com duas dinâmicas opostas: o conhecimento exterior e o autoconhecimento.

A sapiência externa nos faz investir à procura de valores até certo ponto perecíveis, mas necessários ao nosso equilíbrio. Passamos por perigos inúmeros, sujeitos às investidas do orgulho em sintonia com o egoísmo e sob o domínio da vaidade.

Entrementes, se vencermos essas condições na altura em que elas se nos apresentam, sairemos livres, para novos conhecimentos que, podemos crer, serão a maior verdade, que é o conhecimento de nós mesmos, é o estudo do universo interno, aprofundando-nos dentro dele como se fora o nosso próprio mundo. Este conhecimento se chama Sabedoria-Amor.

Há quem diga que o amor não é sabedoria. Está completamente enganado. Quem ama nas linhas ensinadas por Nosso Senhor Jesus Cristo é um verdadeiro sábio.

Ao conhecermos as nossas deficiências, abrimos portas de luz nas esferas da consciência, de sorte a nos enriquecermos, em todos os rumos, dos valores eternos, de talentos que Deus depositou em nossos corações, para a garantia de nós mesmos.

As religiões de todo o mundo e a filosofia que medra em toda a Terra têm a missão sagrada de indicar às criaturas os arcanos da sabedoria interna, que é a verdadeira senda de iluminação dos espíritos.

Aquele que já conhece a si mesmo dispensa certos acessórios que pesam muito sobre os ombros e que exigem tempo precioso na sua conservação.

O sábio interno nasce de novo, é um novo homem que surge de dentro do homem velho. Todo movimento que se preocupa com as coisas externas das criaturas pode fazer muito em favor das almas em sofrimento, não resta dúvida.

Entretanto, quando encontramos quem nos ajuda a trabalhar dentro de nós, a descobrir os nossos tesouros, esse é o caminho ensinado por Cristo, que nos liberta definitivamente.

Quem conhece a si mesmo tem mais facilidade em conhecer as lições externas e as propriedades que lhe sustentam a vida.

A Doutrina dos Espíritos, na sua maravilhosa profundidade, desfralda a bandeira de luz no topo do mundo em que moramos, por misericórdia de Deus, com a inscrição já bem conhecida "DEUS, CRISTO E CARIDADE". Deus está no centro de todos nós, esperando, como Pai, os nossos apelos nascidos da vontade.

Cristo pega em nossas mãos para nos mostrar os caminhos abertos pela caridade. O Céu está mais próximo de nós do que pensamos: reside dentro de nós. Basta abrirmos os olhos e buscá-lo.

E, para tanto, devemos, como médicos de nós mesmos, executar as cirurgias indispensáveis em todas as áreas das nossas condutas, dominar os nossos impulsos inferiores e discipliná-los, transformando-os em instrumentos de trabalho e de paz, para que surja o amor no centro dos sentimentos e, junto a ele, a tranquilidade imperturbável em todos os caminhos que deveremos trilhar. Quem conhece a si mesmo, já não tem tempo de criticar ninguém.

(Lancellin no livro Cirurgia Moral de João Nunes Maia)