Editorial
Peregrinação cristã
Se aceitaste o evangelho por abençoado roteiro
de aperfeiçoamento, não te esqueças da representação que nos cabe em toda
parte.
A fé nos confere
consolação, mas nos reveste de responsabilidade a que não podemos fugir. Somos
embaixadores de Jesus onde estivermos, se a luz d'ele é o clarão que nos
descortina o futuro.
Não te esqueças de
semelhante realidade para que a tua experiência religiosa não se reduza a
simples adoração improdutiva. A estrada permanece descerrada a nós todos.
Cada dia é uma revelação
para que exerçamos a sublime investidura. Se o senhor desceu até nós,
partilhando-nos a senda obscura e viciosa a fim de que nos levantássemos,
aprendamos também a representá-lo nas regiões inferiores à nossa posição do
conhecimento.
Onde fores defrontado pela
calúnia, sê a palavra amiga do esclarecimento benéfico. Se o mal te avista,
improvisa o bem com tua capacidade de ajuizar as situações de planos mais
altos.
Se a tristeza e o desânimo
te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento,
prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.
Se a infantibilidade te
busca, não a abandones, porque o cristão sincero é o bom semeador que tudo
aperfeiçoa para a glória do infinito bem.
Se a leviandade vem ao teu
encontro, ajuda o companheiro de jornada, orientando-lhe o pensamento para o
justo equilíbrio em que a nossa fé se inspira e vive sempre.
Se a treva tenta
envolvê-lo, faze a claridade do otimismo, com as bênçãos do amor que auxiliam
em todos os instantes.
Mas se o embaixador humano
é obrigado a longo curso de compreensão e tolerância na ciência do tato e da
gentileza para não falharem seus compromissos, não creias que o emissário do
cristo deva agir sem os princípios de serenidade e do bom ânimo.
Colaboremos e ajudemos sem
alardear notas de superioridade perturbadora. Quanto mais clara a nossa luz,
mais alta a nossa dívida para com as sombras. Quanto mais sublimes nossas
noções do bem, mais imperiosos os nossos deveres de socorro às vítimas do mal.
O mensageiro de cristo é o braço do evangelho.
(Mensagem de Emmanuel no livro Paz e Libertação de
Francisco Cândido Xavier)
No Esforço Evolutivo
Ide e pregai o Evangelho
No maravilhoso drama da
evolução universal, é o homem, na Terra e no Espaço, valioso colaborador de
Deus. Se os Espíritos Superiores operam, no plano extra físico, visando ao
aperfeiçoamento dos encarnados, estes, por seu turno, empregam esforços no
mesmo sentido, sintonizando-se, integrando-se na sublime tarefa do
esclarecimento espiritual.
Não existem duas vidas
distintas, separadas, independentes. Há, pelo contrário, uma só vida, que se
caracteriza por duas etapas. A primeira, no mundo espírita ou espiritual, que
sobrevive a tudo, que preexiste ao nascimento na Terra, consoante esclarece a
Doutrina. A segunda, após o nascimento, no mundo corpóreo, no chamado mundo
material ou físico.
Essas duas etapas são, no
entanto, correlatas. Reagem uma sobre a outra incessantemente — informam os
Instrutores Espirituais, esclarece a Codificação.
Quanto maior o número de almas
nobres que venham a reencarnar na Terra, mais depressa ascenderá esta no
concerto dos Mundos que, em fabulosos turbilhões, rolam pelo espaço
imensurável.
De igual maneira, quanto
maior o número de almas edificadas que retornarem da Terra, mais se purificará
o ambiente espiritual nas regiões próximas à crosta. Como se vê, a posição dos
encarnados influi na vida do Além-Túmulo, quanto o comportamento dos Espíritos
influi na paisagem física do Globo. Urge, pois, haja simultaneidade no trabalho
— neste sublime intercâmbio entre o Mundo Espírita e o Mundo Corpóreo.
A Humanidade terrena não
pode, nem deve ensarilhar armas no afã de, combatendo as próprias deficiências,
corrigindo as próprias imperfeições, preparar fortes contingentes espirituais
que, mais tarde, voltarão infalivelmente ao mundo, a fim de ao mundo
restituírem os valores sublimados e eternos aqui recebidos.
Quando Jesus, observando
as lutas do proscênio terrestre, aconselhou o “ide e pregai o Evangelho”, não
pretendeu, de forma alguma, fossem os discípulos, tão somente, levar conforto
aos sofredores, consolação aos aflitos, bom ânimo aos desalentados do caminho.
Desejou, evidentemente, que, aldeia por aldeia, cidade por cidade, preparassem
almas para o Reino que oportunamente haveria de construir no coração da
Humanidade inteira. Jesus veio, também, educar. E o objetivo da pregação
educativa do Mestre estende-se, tanto hoje como ontem, além fronteiras do nosso
parco entendimento.
A palavra do Senhor é,
simultaneamente, pão e luz na estrada. Na Terra e no Espaço. “Eu sou o pão da
vida.” “Eu sou a luz do mundo.” Pão que alimenta, fortalece, encoraja. Luz que
esclarece, orienta, dá responsabilidade.
Comendo desse pão
subjetivo, nutre-se o homem em definitivo. Não terá mais fome. Banhando-se
nessa luz, torna-se consciente do seu glorioso destino, artífice de sua própria
evolução.
Entende que lhe cabe, na
obra geral, coletiva, de aperfeiçoamento dos seres, uma contribuição que, por
diminuta, nem por isso é menos valiosa.
Há, nessa colaboração, um
mérito indiscutível: — o da boa vontade. Aquele que sente, dentro de si, uma
réstia da claridade divina, pode e deve influenciar no sentido de que todos
coparticipem do seu programa de aprimoramento. Esta influência nem sempre se
verificará pelo maior ou menor número de livros que escreve, ou de conferências
que profere, mas pela efetiva exemplificação no Bem. Na Moral e no Saber.
Se o contingente maior de
encarnados se constitui, inegavelmente, de seres retardados, infelizes, o campo
de atividades do tarefeiro evangélico é muito grande. A extensão desse campo
desafia-lhe o esforço e a perseverança, o dinamismo e a resistência.
Inteligências menos
desenvolvidas vagueiam nas sombras da Terra e do Espaço, reclamando orientação
caridosa. Nos desvãos do crime e da loucura jazem desventurados companheiros de
jornada, aguardando simplesmente uma frase alentadora, um conceito renovador.
A palavra do Mestre
continua ressoando, ressoando. Imperativa e fraterna, por mensagem de
Esperança. “Ide e pregai o Evangelho”.
(Reflexão do livro Estudando o Evangelho de
Martins Peralva)
Felicidade
Existe a felicidade? Será
ficção ou realidade? Se não existe, por que tem sido essa a aspiração de todas
as gerações através dos séculos e dos milênios? Já não seria tempo de o homem
desiludir-se? Se existe, por que não a encontram os que a buscam com tanto
empenho? Que nos responda o poeta: "A felicidade está onde nós a pomos; e
nunca a pomos onde nós estamos". Eis a questão.
A felicidade é um fato
desde que a procuremos onde realmente ela está, isto é, em nós mesmos. O
desapontamento de muitos com relação à felicidade, desapontamento que tem
gerado incredulidade e pessimismo, origina-se de a terem procurado no exterior,
onde ela não está; origina-se ainda de a suporem dependendo de condições e
circunstâncias externas, quando todo o seu segredo está em nosso foro íntimo,
no labirinto dos refolhos de nosso ser.
O problema da felicidade é
de natureza espiritual. Circunscrito à esfera puramente material, jamais o
homem o resolverá. O anseio de felicidade que todos sentimos vem do Espírito,
são protestos de uma voz interior.
O erro está em querermos
atender a esses reclamos por meio das sensações da carne e da gratificação dos
sentidos. Daí a insaciabilidade, daí a eterna ilusão! O fracasso vem da maneira
como pretendemos acudir ao clamor do Espírito. Ao rufiar de asas, respondemos
com o escarvar de patas. A ideia da felicidade é tão real como a da
imortalidade: aquela, porém, como esta, diz respeito à alma, não ao corpo.
Ao Espírito cumpre
alcançar a felicidade que está, como a imortalidade, -em si mesmo, na trama da
própria vida, dessa vida que não começa no berço nem termina no túmulo. A
felicidade, neste mundo onde tudo é relativo, não exclui o sofrimento. Mesmo na
dor, a felicidade legítima permanece atuando como lenitivo. De outra sorte,
sofrer durante certo tempo e ver-se, depois, livre do sofrimento, já não será
felicidade? O doente que recupera a saúde e o prisioneiro que alcança a
liberdade já não se sentem, por isso, felizes? A saudade que nos crucia, não se
transforma em gozo quando, novamente, sentimos palpitar, bem junto ao nosso, o
coração amado? Não é bom sofrer para gozar? É assim que, muitas vezes, a
felicidade surge da própria dor como a aurora irrompe da noite caliginosa.
O descanso é um prazer
após o trabalho; sem este, que significação tem aquele? Assim a felicidade. Ela
representa o fruto de muitos labores, de muitas porfias e de acuradas lutas.
Vencer é alcançar a felicidade. Podemos, acaso, conceber vitória sem refregas?
Quanto mais árdua é a peleja, maior será a vitória, mais saborosos os seus
frutos, mais vigentes os seus louros. Para a felicidade fomos todos criados.
"Quero que o meu gozo esteja em vós, e que o vosso gozo seja
completo."
As graças divinas estão em
nós, mas não as percebemos. A vida animalizada que levamos ofusca o brilho da
luz íntima que somos nós mesmos. Vivemos como que perdidos, insulados,
ignorando-nos a nós próprios. Encontrarmo-nos e nos reconhecermos como
realmente somos — eis a felicidade. Fugirmos da espiritualidade é fugirmos de
nós mesmos. Querendo fruir prazeres sensuais, adulteramos nossa íntima
natureza, resvalando para o abismo da irracionalidade. Desse desvirtuamento vem
a dor, dor que nos chama à realidade da vida e nos conduz à felicidade. A
alegria de viver é consequência natural de um certo estado de alma, e significa
viver profundamente. "Eu vim para terdes vida e vida em abundância".
A verdadeira vida é sempre
cheia de alegria; é um dia sem declínio, um sol sem ocaso. O céu é a região da
luz sempiterna. A ele não iremos pela estrada ensombrada de tristezas, luto e
melancolia. O caminho que conduz à felicidade, resolvendo os problemas da vida,
é estreito: não é escuro, nem sombrio. Estreito, no caso, significa difícil,
mas não lúgubre.
A alegria de viver nasce
do otimismo, o otimismo nasce da fé. Sem fé ninguém pode ser feliz. Sem fé e
sem amor não há felicidade. As virtudes são suas ancilas. Haverá felicidade
maior que nos sentirmos viver no coração de outrem? "Pai, quero que eles
(os discípulos) sejam um em mim, como eu sou um contigo." A fusão de nossa
vida em outra vida é a máxima expressão da ventura. O egoísmo é o seu grande
inimigo. Alijá-lo de nós é dar o primeiro passo na senda da felicidade. Sendo a
felicidade resultante de uma série de conquistas, é, por isso mesmo, obra de
educação.
Através da autoeducação de
nosso Espírito, lograremos paulatinamente a felicidade verdadeira. O reino de
Deus — que é o do amor, da justiça e da liberdade — está dentro de nós, disse
Jesus com o peso de sua autoridade. Descobri-lo, torná-lo efetivo, firmar em
nós o império desse reino, vencendo os obstáculos e os embaraços que se lhe
opõem — tal é a felicidade.
Para finalizar, concedamos
a palavra a Leon Denis, o grande apóstolo da Nova Revelação: Como a educação da
alma é o senso da vida, importa resumir seus preceitos em palavras: Aumentar
tudo quanto for intelectual e elevado. Lutar, combater, sofrer pelo bem dos
homens e dos mundos. Iniciar seus semelhantes nos esplendores de verdadeiro e
do belo. Amar a verdade e a justiça praticar para com todos a caridade, a
benevolência tal é o segredo da FELICIDADE, tal é o Dever, tal é a Religião que
o Cristo legou a Humanidade.
(Texto do livro Em torno do Mestre de Vinícius)
Psicografia
Aceita, filha, a tua dor.
Aceita a irmã que lhe visita, pois vem a convite de ti mesma e lhe quer
ensinar. Ensinar o valor do corpo, templo sagrado do Espírito, que é e que tem,
neste instrumento físico, o veículo abençoado para expressão do Ser.
Aceita, filha, e entende
que nos desígnios de Deus, em sua lei de amor, justiça e misericórdia, tudo é
proveito, tudo é aprendizado.
Aceita, filha, a dor que
lhe bate a porta e procura conhecer, e compreender por que caminhos de sua
própria vida, ela vem, pois não é causa, é consequência.
Aceita, filha, conhece,
compreende e bem diga a tua dor. E louva essa irmã, e mestre, de tanto que
precisas aprender e praticar.
Bem dize com Deus, o teu
momento de sofrimento, pois é temporário, é valioso, é fundamental para o seu
prosseguir mais forte, mais sábia, mais humilde, melhor para ti mesma.
Louva, filha, a “benção
estranha” como dizes, que lhe chega e, com Jesus, por seus ensinamentos de
amor, abraça a tua cruz espiritual e sublima o olhar sobre a realidade da vida
eterna, das existências na carne e no pleno Ser eterno como Espírito de luz.
Vence as sombras, filha,
vence a ti mesmo e segue com o Pai para o crescimento espiritual a que te
destinas.
Por tua fé, reage com
Jesus e encontra a tua força para esse embate. Já és gloriosa! Vence com Ele
também!
Tenha olhos de ver, na
aparente penumbra de teus dias, o verdadeiro iluminar de tua alma.
Fica com Deus! Faça essa
escolha! Fica em paz!
Mãe Alzira Bentes