Editorial
Conquista Íntima
Todos os estados enfermiços da alma se assemelham,
no fundo, aos estados enfermiços do corpo, solicitando remédio adequado que
lhes patrocine a cura.
E a impaciência que tantas vezes gera rixas
inúteis é um deles, pedindo o específico da calma que a desterre do mundo
íntimo.
Como, porém, obter a serenidade, quando somos
impulsivos por vocação ou por hábito?
Justo lembrar que assim como nos acomodamos,
obedientes, para ouvir o professor trazido a ensinar-nos, é forçoso igualmente assentar
a emotividade, na carteira do raciocínio, a fim de educá-la, educando-nos; e,
aplicando os princípios de fraternidade e de amor que abraçamos, convidaremos
os nossos próprios sentidos à necessária renovação.
Feito isso, perceberemos que todo instante de
turvação ou desequilíbrio, é instrumento de teste para avaliação de nosso
próprio aproveitamento.
* * *
Aprenderemos, por fim, que, diante da crítica,
estamos convocados à demonstração de benevolência; diante da censura, é preciso
exercer a bondade; à frente do pessimismo, somos induzidos a cultivar a
esperança; ante a condenação, somos indicados à bênção; e que, renteando com
quaisquer aparências do mal, é imperioso pensar no bem, dispondo-nos a servi-lo.
Entregando-nos com sinceridade a semelhantes
exercícios de compreensão e tolerância, estaremos em aula profícua, para a
aquisição de valores eternos no terreno do espírito.
É assim que, em matéria de paciência, se a
paciência nos foge, urge reconhecer que, perante as circunstâncias mais
constrangedoras da vida, estamos, todos nós, no justo momento de conquistá-la.
(Mensagem de Emmanuel, do livro Rumo Certo, de
Chico Xavier)
Casa Espírita
Suave Caminho: Ponto de luz na comunidade
Os estudos e reflexões sobre a
importância do centro espírita para a comunidade na qual ele se insere apontam
para cinco principais vertentes, assim expressas: templo, lar, oficina,
hospital e escola.
Como templo a casa espírita tem a
primordial finalidade de abrigar e reunir aqueles que tencionam conectar-se com
o Superior por meio da oração, que se constitui em instrumento de comunicação
com Deus, nosso Pai.
A prece proporciona a melhoria do homem, ensejando àquele que ora pensar em Deus, aproximar-se dele e pôr-se em comunicação com ele.
A prece proporciona a melhoria do homem, ensejando àquele que ora pensar em Deus, aproximar-se dele e pôr-se em comunicação com ele.
Como lar o centro espírita deve
receber seus frequentadores e colaboradores acolhendo-os como uma família. É a
oportunidade da congregação para o fortalecimento dos laços de amor. Nem sempre
encontraremos facilidades, pois o reencontro se dá, por vezes, entre
adversários do passado. Porém, é nesse lar que precisamos nos esforçar para a
formação da família espiritual.
A oficina enseja o trabalho e a
consequente aquisição de competências técnicas e humanas. Pelo serviço, somos
capazes de desenvolver potencialidades e realizar feitos a serem creditados
como mérito em nossa contabilidade espiritual, embora devamos trabalhar em
benefício do semelhante desinteressadamente.
Um centro espírita funciona como um
hospital na medida em que busca oferecer atendimento aos carentes, sem jamais
competir com a medicina terrena. É o apoio espiritual, o atendimento fraterno,
a fluidoterapia, a desobsessão…; “A enfermidade jamais erra de endereço”,
ensina Emmanuel e a necessidade de corrigenda moral é grande, daí a abençoada
oportunidade que Deus nos concede de enfrentarmos doenças variadas para que
passemos pelo processo de higienização perispiritual. Seja física ou moral,
todos necessitamos de cura para a conquista da saúde integral.
E como escola de almas, a casa espírita é roteiro que esclarece nossas
mentes para as realidades espirituais, por meio dos estudos individuais e em
grupo. As palestras públicas, o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, o
Estudo Aprofundado, o Estudo e Educação da Mediunidade, a Evangelização da
Criança e do Jovem, e atividades complementares são valiosos instrumentos de
aprendizado que o centro espírita pode disponibilizar a seus frequentadores.
E com 33 anos de fundação, a Casa Espírita Suave Caminho tem por
objetivo trazer conforto, acolhimento, direção e amor fraterno a todos que
buscam conhecer a Doutrina Espírita e, através deste conhecimento, tornar a
caminhada mais suave.
Livre Arbítrio
Conhecereis a Verdade e a Verdade vos tornará
livre.
O livre arbítrio é a faculdade que permite ao
homem edificar, conscientemente, o seu próprio destino, possibilitando-lhe a
escolha, na sua trajetória ascensional, do caminho que desejar.
Limitado a princípio, vai-se expandindo à medida
que o homem cresce em espiritualidade. Quanto mais evoluído o ser, mais amplo o
seu livre arbítrio, maior o seu direito de fazer certas escolhas, no campo da
vida, assumindo assim, a pouco e pouco, o comando definitivo de sua ascensão.
Livre arbítrio e responsabilidade individual
desenvolvem-se, simultaneamente, no aprendizado humano.
O homem de evolução primária tem o livre arbítrio
limitado, restrito. Equivale ao
sentenciado que a lei pune, sem transigências, submetendo-o à reclusão onde
melhor convenha aos interesses da lei e da sociedade.
A sociedade e a lei não confiam nele.
O homem de evolução mediana tem sua esfera
deliberativa menos restrita. Corresponde ao recluso que, submetido à disciplina
dos códigos, recebe dos códigos certas concessões, geralmente atribuídas aos
que, no cumprimento de suas penas, demonstram boa vontade e obediência,
respeito e compreensão.
O homem evolvido é o ex-sentenciado, o que já se
libertou e corrigiu.
Provas e expiações, disciplinações e corretivos foram-lhe
o caminho para a libertação definitiva. Nada mais deve à lei e colabora, na
sociedade, para que se restaurem a justiça e a fraternidade, a harmonia e o
progresso. É livre para agir, porque discerne o bem do mal, a verdade da
mentira, a luz da sombra.
Conhecendo a Verdade, a Verdade o fez livre. De
sua atuação resultam o trabalho e a prosperidade, o fortalecimento e a
segurança das peças que constituem, que formam o maquinismo das coletividades.
Um dia, no curso dos milênios, o nosso livre
arbítrio se harmonizará plenamente com a Verdade Total, com as deliberações
superiores.
Nesse dia saberemos executar, com fidelidade, o
pensamento do Cristo, Mestre e Senhor Nosso.
* * *
Nesse dia, do qual ainda distamos muito, diremos
com o apóstolo da gentilidade: “Não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em
mim”.
Tal se dará quando tivermos superado as
imperfeições. [...]
Se o livre arbítrio é faculdade que se origina, em
princípio, de aquisições intelectivas, o coração bem formado contribuirá, sem
dúvida, para que seja ele exercido segundo os padrões da moral e da
fraternidade, garantindo, no
Grande Porvir, o triunfo do Espírito Imortal.
O livre arbítrio do homem não evoluído é como um
espelho que o lodo das imperfeições desnatura, por algum tempo. [...]
(Do livro Estudando o Evangelho, de Martins
Peralva)
Valores no lar
Quais os valores que devem nortear a formação de
um lar? Aqueles oriundos da religião? Os das tradições familiares vindos dos
avós maternos ou paternos? Os do pai? Os da mãe? Os do meio social? Aqueles
adquiridos nos livros e filmes televisivos?
Talvez devamos escutar mais o coração e perceber
que ele contém uma mensagem divina, gravada pelo Criador da Vida ao nos fazer
existir. Raramente conseguimos escutá-la por estarmos demasiadamente ligados ao
mundo externo.
Ouvimos muitos sons, prestamos atenção ao mundo
para poder dominá-lo, ouvimos as pessoas para compreendê-las, ouvimos nossos
pensamentos para ordená-los, mas dificilmente aprendemos a escutar o que vem de
nosso íntimo, do coração.
Dali partem as intuições que nos elevam e nos
fazem divinos. É de lá que vem a mensagem e os valores que devem nortear nossa caminhada
evolutiva. Foi dali que o Cristo retirou sua mensagem de amor.
Escutar esse canto divino pressupõe silêncio,
humildade e confiança. A cada momento, em cada segundo de nossa vida ele envia
um pulso que permite-nos enxergar melhor o mundo, nos fortalecendo para os
desafios que ele promove.
Os valores que devem ser utilizados pelo espírito
em suas experiências evolutivas devem conter aqueles que nos legaram nossos
antepassados, os que adquirimos no convívio social, os que admitimos pelas
relações que estabelecemos com alguém, mas devem receber, sobretudo, o que vem
do coração como um recado direto de Deus ao ser humano individualmente.
As religiões nos oferecem importantes balizas
orientadoras que nos auxiliam, sobretudo nos momentos de tempestades íntimas. São
valiosas contribuições àqueles que necessitam vivenciar aquilo que lhe é
sagrado. Os que se pautam pelas diretrizes luminosas de uma religião devem,
dia-a-dia, acrescentar-lhes aquelas que lhe vêm do coração para que se elevem
ainda mais.
O maior valor que se deve vivenciar no lar e
passar adiante aos filhos é a amorosidade para com os outros, para com a vida, para
consigo mesmo e para com Deus. [...]
Para Deus não há sacrifício necessário que possa
ser maior do que o espírito fazer o bem que esteja a seu alcance. O bem para si
e para a sociedade. É na família que o espírito inicia seu processo de
autoajuda e de colaboração com o progresso social. É em família que o espírito
recicla suas emoções e aprende a reconhecê-las como instrumento precioso para
sua evolução. Evolui quem aprende a lidar com elas. [...]
O que se passa dentro das quatro paredes onde vive
uma família a ela pertence. Quando algum assunto necessite extrapolar seus
limites, o motivo deve ser para o equilíbrio e a manutenção do lar. Todas as
vezes que deixamos que entrem ou saiam assuntos que não levem em consideração a
harmonia do lar estaremos abrindo flancos perigosos para os ataques psíquicos.
[...]
O campo do lar é pouso e, às vezes, morada de bons
espíritos que encontram um refúgio para que possam proporcionar o bem entre os
encarnados. Valorizá-lo como uma importante célula no organismo social é dever
de quem o constituiu. Quanto mais assim o fizermos, mais estaremos seguros e no
caminho adequado à nossa evolução espiritual. [...]
Manter psiquicamente um lar é tarefa que exige
esforço, renúncia e abnegação. Não há vitória possível sem luta interna, sem
esforço pessoal e sem doação de amor.
(Do livro Evangelho e
Família, de Adenáuer Novaes)
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