Editorial
Herdeiros
“E se nós somos filhos, somos logo herdeiros
também,
herdeiros
de Deus e co-herdeiros do Cristo.”
Paulo
(Romanos, 8:17)
Incompreensivelmente,
muitas escolas religiosas, através de seus expositores, relegam o homem à
esfera de miserabilidade absoluta.
Púlpitos,
tribunas, praças, livros e jornais estão repletos de tremendas acusações.
Os
filhos da Terra são categorizados à conta de réus da pena última. Ninguém
contesta que o homem, na condição de aluno em crescimento na Sabedoria
Universal, tem errado em todos os tempos; ninguém ignora que o crime ainda
obceca, muitas vezes, o pensamento das criaturas terrestres; entretanto, é
indispensável restabelecer a verdade essencial. Se muitas almas permanecem
caídas, Deus lhes renova, diariamente, a oportunidade de reerguimento.
Além
disso, o Evangelho é o roteiro do otimismo divino. Paulo, em sua epístola aos
romanos, confere aos homens, com justiça, o título de herdeiros do Pai e
co-herdeiros de Jesus. Por que razão se dilataria a paciência do Céu para
conosco, se nós, os trabalhadores encarnados e desencarnados da Terra, não
passássemos de seres desventurados e inúteis? Seria justa a renovação do ensejo
de aprimoramento a criaturas irremediavelmente malditas?
É
necessário fortalecer a fé sublime que elevamos ao Alto, sem nos esquecermos de
que o Alto deposita santificada fé em nós. Que a Humanidade não menospreze a
esperança. Não somos fantasmas de penas eternas e sim herdeiros da Glória
Celestial, não obstante nossas antigas imperfeições. O imperativo de
felicidade, porém, exige que nos eduquemos, convenientemente, habilitando-nos à
posse imorredoura da herança divina.
Olvidemos
o desperdício da energia, os caprichos da infância espiritual e cresçamos, para
ser, com o Pai, os tutores de nós mesmos.
(Mensagem de Emmanuel, no Livro Vinha de Luz de Francisco
Cândido Xavier)
Examinemos a nós mesmos
LE - Questão 919
O
dever do espírita-cristão é tornar-se progressivamente melhor. Útil, assim,
verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira
situação íntima. Espírita que não progride durante três anos sucessivos
permanece estacionário.
Testa a paciência própria:-
Estás mais calmo, afável e compreensivo? Inquire
as tuas relações na experiência doméstica: - Conquistaste mais alto clima
de paz dentro de casa? Investiga as
atividades que te competem no templo doutrinário: - Colaboras com mais
euforia na seara do Senhor? Observa-te
nas manifestações perante os amigos: - Trazes o Evangelho mais vivo nas
atitudes? Reflete em tua capacidade de
sacrifício: - Notas em ti mesmo mais ampla disposição de servir
voluntariamente? Pesquisa o próprio
desapego: - Andas um pouco mais livre do anseio de influência e de posses
terrestres? Usas mais intensamente os pronomes "nos",
"nosso" e "nossa" e menos os determinativos "eu",
"meu" e "minha"? Teus instantes de tristeza ou de cólera
surda, às vezes tão conhecidos somente por ti, estão presentemente mais raros?
Diminuíram-te os pequenos remorsos ocultos no recesso da alma? Dissipaste
antigos desafetos e aversões? Superastes os lapsos crônicos de desatenção e
negligência? Estudas mais profundamente a Doutrina que professas? Entendes
melhor a função da dor? Ainda cultivas alguma discreta desavença? Auxilias aos
necessitados com mais abnegação? Tens
orado realmente? Teus ideais evoluíram? Tua fé raciocinada consolidou-se com
mais segurança? Tens o verbo mais indulgente, os braços mais ativos e as mãos
mais abençoadoras? Evangelho é alegria no
coração: - Estás, de fato, mais alegre e feliz intimamente, nestes três
últimos anos?
Tudo
caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento individual com o Cristo!
Sopesa a existência hoje, espontaneamente, em regime de paz, para que te não
vejas na obrigação de sopesá-la amanhã sob o impacto da dor. Não te iludas! Um
dia que se foi é mais uma cota de responsabilidade, mais um passo rumo à Vida
Espiritual, mais uma oportunidade valorizada ou perdida. Interroga a
consciência quanto à utilidade que vens dando ao tempo, à saúde e aos ensejos
de fazer o bem que desfrutas na vida diária. Faze isso agora, enquanto te vales
do corpo humano, com a possibilidade de reconsiderar diretrizes e desfazer
enganos facilmente, pois, quando passares para o lado de cá, muita vez, já será
mais difícil...
(Mensagem de Emanuel e
André Luís, do Livro Opinião Espírita de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira)
A Lição do Esquecimento
Não
fosse o olvido temporário que assegura o refazimento da alma, na reencarnação, segundo
a misericórdia do Senhor que lhe orienta a reta justiça, decerto teríamos no
mundo, ao invés da escola redentora, a jaula escura e extensa, onde os homens
se converteriam em feras a se digladiarem indefinidamente.
Não
fosse o dom do esquecimento que envolve o berço terrestre, o ódio viveria eternizado
transformando a Terra em purgatório angustioso e terrível, onde nada mais faríamos
que chorar e lamentar, acusar e gemer.
A
Divina Bondade, contudo, em cada romagem do espírito no campo do mundo, confere-lhe
no corpo físico o arado novo suscetível de lhe valorizar a replantação do
destino, no rumo do porvir.
De
existência a existência, o Senhor vela-nos caridosamente a memória, a fim de
que saibamos metamorfosear espinhos em flores e aversões em laços divinos.
O
Pai, no entanto, com semelhante medida, não somente nos ampara com a providencial
anestesia das chagas anteriores, em favor do nosso êxito em novos compromissos.
Com
essa dádiva, Ele que nos reforma o empréstimo do ensejo de trabalho, de experiência
à experiência, nos induz à verdadeira fraternidade, para o esquecimento de nossas
recíprocas, dia à dia.
Aprendamos
a olvidar as úlceras e as cicatrizes, as deformidades e os defeitos do irmão de
jornada, se nos propomos efetivamente a avançar para diante, em busca de
renovadores caminhos.
Cada
dia é como que a “reencarnação da oportunidade”, em que nos cabe aprender com o
bem, redimindo o passado e elevando o presente, para que o nosso futuro não
mais se obscureça.
Nas
tarefas de redenção, mais vale esquecer que lembrar, a fim de que saibamos mentalizar
com segurança e eficiência a sublimação pessoal que nos cabe atingir.
O
Senhor nos avaliza os débitos, para que possamos adquirir os recursos
destinados ao nosso próprio reajustamento à frente da Lei.
Recordemos
o exemplo do Céu, destruindo os resíduos de sombra que, em forma de lamentação
e de queixas, emergem ainda à tona de nossa personalidade, derramando-se em angústia
e doença, através do pensamento e da palavra, da voz e da atitude.
Exaltemos
o bem, dilatemo-lo e consagremo-lo nos menores Gestos e em nossas mínimas
tarefas, a cada instante da vida, e, somente assim,
aprenderemos
com o Senhor a olvidar a noite do pretérito, no rumo da alvorada que nos espera
no fulgor do amanhã.
(Mensagem de Emmanuel,
do Livro Família de Francisco Cândido Xavier)
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