Editorial
A caminho da eternidade
A partir do momento em que
renasces, normalmente vais sendo envolvido pelos valores que o mundo te impõe,
apagando lentamente o sentido real do motivo pelo qual iniciaste essa
empreitada.
Não te recordas das
inúmeras vezes que suplicaste a benção da nova oportunidade.
Tão pouco te lembras que
nem fazias tanta questão de uma vida farta, porque tinhas imenso receio de que
as facilidades pudessem desvirtuar os teus passos, afastando-te dos objetivos
indispensáveis ao bom aproveitamento.
Os afazeres vão te
absorvendo o tempo e raras vezes recordas de oferecer uma prece de gratidão ou
dedicar alguns momentos a reabastecer a alma junto ao mundo espiritual, de onde
verdadeiramente procedes.
Envolves-te profundamente
na conquista dos requisitos que o mundo solicita, para atingires os patamares
almejados, e deixas-te tomar por incomparável cansaço.
Em inúmeras oportunidades,
a dor faz soar um alarme que insiste em te lembrar de Deus, mas estás
demasiadamente ocupado para o fazeres.
Vais sentindo cansaço e
solidão, mas julgas que tudo não passa do resultado da tua jornada imperiosa de
trabalho e responsabilidade.
Tudo que sonhas e pelo que
lutas está sempre relacionado a abastecer as tuas necessidades materiais ou
adornar o teu físico.
Esqueces de que a alma
também tem fome, só que de paz e amor, dois sentimentos que o mundo não pode
oferecer através dos bens adquires, mas que devem ser conquistados na vivência
do espírito momentaneamente abrigado na carne, no cultivo de virtudes
indispensáveis.
Quando percebes, já se
foram as energias provindas da juventude e os primeiros cabelos brancos denotam
que adentras o período da reflexão.
Que bom seria se, nesse
instante, te desprendesses dos valores passageiros e com a mesma garra com que
lutaste até então pudesses adquirir valores morais e emocionais que te
sustentassem os últimos passos na vida física.
Melhor ainda se no balanço
efetivado, pudesses concluir que usufruíste, sim, de tudo o que o mundo pode te
oferecer, sem, no entanto, te escravizares a nada, e que se for preciso
deixa-lo agora, partirás feliz pelas etapas vencidas.
Nesse instante, finalmente
entenderás que mesmo tendo os pés agrilhoados às pedras do caminho, teus olhos
jamais se desprenderam da amplitude do céu, de onde procedes.
Assim fazendo, passarás
pela terra vivendo a plenitude de um instante para atingires a benção de luz de
toda eternidade.
(Mensagem de Maria do Rosário Del Pilar no livro A
conquista da felicidade de Eulália
Bueno)
CARTA PARA DEUS
"Obrigada por cada,
Cada andar, cada caminho,
Cada pessoa, cada ser.
Obrigada por cada,
Cada respiro, cada suspiro
Cada sorriso, cada riso.
Obrigada por cada
Cada experiência, cada aprendizado
Cada descoberta, cada sentimento.
Obrigada por cada,
Cada toque, cada abraço
Cada presença, cada força.
Obrigada por cada,
Obrigada por tudo."
Paolla Melo - 14 anos - 16/02/2019
A virtude
A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de
todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom,
caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso.
Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as
desornam e atenuam. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois
que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe
opõe: o orgulho.
A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não
gosta de estadear-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge
à admiração das massas. São Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o
digno cura d'Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos
de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se
ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse
completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
À virtude assim compreendida e praticada é que vos
convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente
espírita é que vos concito a consagrar-vos. Afastai, porém, de vossos corações
tudo o que seja orgulho, vaidade, amor-próprio, que sempre desadornam as mais
belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e
trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos complacentes. A
virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas
torpezas e de odiosas covardias.
Em princípio, o homem que se exalça, que ergue uma
estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real
que possa ter. Entretanto, que direi daquele cujo
único valor consiste em parecer o que não é?
Admito de boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação
íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para
colher elogios, degenera em amor-próprio.
O vós todos a quem a fé espírita aqueceu com seus
raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o homem, jamais esbarreis em
semelhante escolho. A virtude é uma graça que
desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo,
dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho.
Pelo orgulho é que as humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade
é que um dia elas se hão de redimir.
(ESSE Cap. XVII Sede Perfeitos – Ítem 8 – François
Nicolas Madeleine - Paris, 1863.)
Todos temos direitos e deveres
Direitos todos temos, no
pentagrama das nossas existências. Em confronto com o que existe à nossa
retaguarda, somos privilegiados pelas conquistas que o tempo nos premiou na
ascensão da vida. Porém, não podemos nos esquecer dos deveres a cumprir diante dos
outros, que viajam conosco no mesmo comboio planetário. Compete a nós respeitar
os que nos ajudam a viver, para que o próprio respeito nos garanta a tranquilidade.
Temos competência de fazer o que desejarmos que seja feito. No entanto, podemos
assumir com isso dívidas para com os nossos irmãos, se os nossos feitos não
compartilharem com a harmonia da criação.
O nosso direito é ser
honesto e o nosso dever é respeitar a vida que o semelhante leva, de modo que o
tempo seja gasto somente na educação que nos compete adquirir. O nosso direito
é a honra onde quer que andemos e o nosso dever é o encargo de trabalhar em
silêncio nos moldes do exemplo, para ajudar quem ainda não percebeu os valores das
virtudes espirituais. O nosso direito é nos interessar pelo auto aprimoramento
e a nossa incumbência é trabalhar constantemente pela paz de todas as criaturas
de Deus.
A condição nossa, de
espírito que já despertou para a luz, é o imperativo sagrado de ajudar a quem
quer que seja, sem exigências descabidas, que possam nos levar ao orgulho e à
vaidade. Autoridade devemos ter, e é justo que a exercitemos nos domínios das nossas
emoções inferiores, porque, aí, a nossa missão se engrandece diante de todas as
criaturas que vivem conosco. Alistemo-nos no exército da salvação de nós
mesmos, e entremos na lição. Vamos lutar! Essa é uma guerra e não podemos fugir
dos objetivos a que nos propusemos. É uma conquista altamente valiosa, a
conquista de nós mesmos. Estamos enfermos e tão enfermos, que somente a
cirurgia pode nos aliviar, a cirurgia moral. O terapeuta, quando chega às
portas da perfeição, trata somente dele mesmo, porque só ele se conhece bem, e sabe,
depois de Deus, os meios corretos da cura completa. Só ele mesmo conhece os
segredos da sua própria natureza e aplica os medicamentos correspondentes às
suas necessidades.
Meu irmão, já analisaste
todos os dias, se respeitas os direitos alheios, pelos pensamentos, palavras e
ações? Se não, faze isso e começa a trabalhar dentro de ti mesmo.
Planta e cuida da terra,
que o crescimento pertence ao Senhor, que nunca faltará com o Seu amor e a Sua
bondade. A prerrogativa de todos os seres é viver bem consigo mesmo.
Entretanto, temos grandes
atribuições para com o próximo, que não pode sofrer com custo para a nossa
felicidade. Vigia a tua palavra, pois ela, sem a devida harmonia, incomoda quem
te ouve e desinquieta quem te acompanha.
Somos responsáveis pelo
que somos e fazemos. Recebemos de volta o que damos em todas as dimensões da
vida. O comportamento da alma pode ser luz ou treva nos teus próprios caminhos.
Em tudo o que fizeres, lembra-te desta palavra: Respeito, que os teus direitos serão resguardados pela lei, que
nada esquece.
(Mensagem de Lancellin, no Livro Cirurgia Moral de
João Nunes Maia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário