Editorial
Em meio a tantas notícias
dos últimos tempos, que nos dão a sensação de que o mundo está casa vez pior ou
que a humanidade se perdeu, é preciso saber que estamos apenas vendo o que dá
audiência na mídia, por despertar no publico a curiosidade e os instintos ainda
primitivos que existem em muitos de nós.
Entretanto, é preciso que
se faça, de nossa parte, um esforço em buscar nos cercarmos de boas vibrações,
bons conteúdos literários, debates e conversações saudáveis que nos levem a reflexões de teor elevado e
nos abra os olhos aos acontecimentos que realmente exemplifiquem a evolução
constante rumo a um futuro mais próximo dos propósitos contidos nas mensagens
deixadas por Jesus Cristo à humanidade.
Neste ano de 2019, tivemos
boas notícias que evidenciam que a providência divina não cessa, uma delas é o
lançamento de O Livro dos Espíritos em chinês. Um projeto que foi iniciado em
2002, pelo brasileiro Emanuel Dutra, com vista à crescente propagação do
cristianismo no oriente, o que abre caminho para que as obras de Allan Kardec
venham auxiliar na melhor compreensão do evangelho, com uma visão mais
abrangente sobre a espiritualidade. O que se adequa mais intimamente às
tradições religiosas dos chineses.
Também destacamos o físico
e astrônomo Marcelo Gleiser que foi contemplado com o Premio Templeton 2019,
que já foi dado a personalidades como Madre Teresa de Calcutá em 1973 e Dalai
Lama em 2012.
A Fundação John Templeton,
que tem por lema “Quão pouco sabemos e quão ansiosos para aprender”, tem o
objetivo de premiar contribuições excepcionais no campo da pesquisa, para afirmar
a dimensão espiritual da vida, através de descobertas, constatações e trabalhos
práticos.
Segundo o presidente da
fundação, Marcelo Gleiser – atualmente lecionando no Dartmouth College em New
Hampshire – é um dos principais proponentes da visão que ciência, filosofia e
espiritualidade são expressões complementares que a humanidade precisa para
abraçar o mistério e explorar o desconhecido.
Além destas boas notícias,
não podemos esquecer das muitas boas ações, individuais ou coletivas, visando a
preservação ambiental, trabalhos humanitários, demonstrações de amor e cuidado
com o próximo e com o planeta, que reforçam a afirmação de que o bem está
presente em toda parte. Sendo assim, como adeptos da doutrina espírita, temos
muito a comemorar e cabe a nós, darmos a nossa contribuição para que se cumpra,
cada dia mais, o mandamento universal do Cristo: Amar o seu próximo com a si
mesmo.
(Texto composto de notícias da atualidade – Renata
Domingues)
A Virtude
Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é
o vosso Pai celestial. (Mateus, 5:44, 46 a 48.)
A virtude não é veste de
gala para ser envergada em dias e horas solenes. Ela deve ser nosso traje
habitual. A virtude precisa fazer parte de nossa vida, como o alimento que
ingerimos cotidianamente, como o ar que respiramos a todo instante. A virtude
não é para ostentação: é para uso comum. É falsa a virtude que aparece para os
de fora, e não se verifica para os familiares. Quem não é virtuoso dentro do seu
lar, não o será na vida pública, embora assim aparente. Ser delicado e afável
na sociedade, deixando de manter esses predicados em família, não é ser
virtuoso, mas hipócrita. A virtude não tem duas faces, uma interna, outra
externa: ela é integral, é perfeita sob todos os aspectos e prismas. Não há
virtude privada e virtude pública: a virtude é uma e a mesma, em toda parte. O
hábito da virtude, quando real, reflete-se em todos os nossos atos, do mais
simples ao mais complexo, como o sangue que circula por todo o corpo. As
conjunturas difíceis, as emergências perigosas, não alteram a virtude quando
ela já constitui nosso modo habitual de vida. A virtude assume as modalidades
necessárias para se opor a todos os males, sem prejuízo de sua integridade. Há
um matiz para resolver cada caso, para se opor a cada vício, para vencer cada
paixão, para enfrentar cada incidente; mas sempre, no fundo, é a mesma virtude.
Ela é como a luz, que, iluminando, resolve de vez todos os obstáculos e
tropeços, franqueando-nos o caminho. O hábito da virtude é fruto de uma
porfiada conquista. Possuí-la é suave e doce. Praticá-la é fonte perene de
infindos prazeres. A dificuldade não está no exercício da virtude, mas na
oposição que lhe faz o vício, que com ela contrasta. É necessário destronar um
elemento, para que o outro impere. O vício não cede o lugar sem luta. A virtude
nos diz: eis-me aqui, recebeime, dai-me guarida em vosso coração; mas
lembrai-vos de que, entre mim e o vício, existe absoluta incompatibilidade. Não
podeis servir a dois senhores. A verdadeira religião é a da virtude. Fora da
virtude não há salvação. "Vós sois o sal da Terra", disse Jesus aos
seus discípulos. Se ele hoje viesse ao mundo reunir seus escolhidos, não se
valeria certamente das denominações e títulos dos vários credos religiosos para
os distinguir; a virtude seria o sinal inconfundível por onde os descobriria,
por mais dispersos e disfarçados que estivessem. É pela virtude que as almas se
irmanam entretecendo entre si liames indissolúveis. Os homens de virtude
entendem-se num momento, ao passo que os séculos não são suficientes para
firmar acordo entre aqueles que dela vivem divorciados. Propaguemos a religião
da virtude: só ela satisfaz o senso da vida, conduzindo o espirito à realização
dos seus destinos.
(Mensagem de Vinicius no Livro Nas pegadas do
Mestre)
O Educandário Familiar
A família é o resultado do
largo processo evolutivo do espírito na extensa trajetória vencida por meio das
sucessivas reencarnações. Resultado do instinto gregário que une todos os
animais, aves, répteis e peixes em grupos que se auxiliam e se interdependem
reciprocamente, no ser humano atinge um estágio relevante e de alta
significação, em face da conquista do raciocínio, da consciência. Dessa forma,
a família é o alicerce sobre o qual a sociedade se edifica, sendo o primeiro
educandário do espírito, onde são aprimoradas as faculdades que desatam os
recursos que lhe dormem latentes.
A família é a escola de
bênçãos onde se aprendem os deveres fundamentais para uma vida feliz e sem cujo
apoio fenecem os ideais, desfalecem as aspirações, emurchecem as resistências
morais. Quando o individuo opta pela solidão, exceção feita aos grandes
místicos e pesquisadores da ciência, filósofos e artistas que abraçam os
objetivos superiores como a sua família, termina sendo portador de transtorno
da conduta e da emoção.
[...] Não poucas vezes, no
grupo doméstico ressumam as reminiscências perturbadoras do Além ou de outras
existências, que devem ser trabalhadas pelo cinzel da misericórdia, da tolerância
e da compaixão, a fim de que sejam arquivadas como diferentes emoções
enobrecidas, que irão contribuir em favor do progresso de todos. De inspiração
divina, a família é a oportunidade superior do entendimento e da vera
fraternidade, de onde surgirá o grupo maior, equilibrado e rico de valores, que
é a sociedade. Por isso, no momento em que a família se desestrutura sob os
camartelos da impiedade e da agressão, ou se dilui em face da ilusão acalentada
pelos seus membros, ou se desmorona em razão da imprevidência, a sociedade
sofre um grande constrangimento.
[...] Mesmo quando não
correspondendo às expectativas pessoais, em face do reencontro com adversários
ou caracteres inamistosos, no lar adquire-se a necessária filosofia existencial
para conduzir-se com equilíbrio durante toda a existência. O exercício da
paciência no clã familiar é valiosa contribuição para a experiência
iluminativa, porquanto, se aqueles com os quais se convive tornam-se difíceis
de ser amados, gerando impedimentos emocionais que se sucedem continuamente,
como poder-se vivenciar o amor em relação a pessoas com as quais não se tem
relacionamento, senão por paixão ou sentimentos de interesse imediatista?
[...] Aquele que hoje se
apresenta agressivo e cínico no grupo doméstico, dando lugar a guerrilhas
perversas, encontra-se doente da alma, merecendo orientação e exigindo mais
paciência. Ninguém se torna infeliz por mero prazer, mas em consequência de
muitos fatores que lhe são desconhecidos. [...] No entanto, na família, em
razão dos sentimentos, das individualidades, das experiências transatas, o
fenômeno é muito diferente, oscilando o equilíbrio conforme o desenvolvimento
ético-moral de cada qual, que se apresenta conforme é e não consoante gostaria
de ser. [...] Quem não consegue a capacidade de amar aqueles com os quais
convive, mais dificilmente poderá amar aqueloutros que não conhece. O
combustível do amor se inflama com maior potencialidade quando oxigenado pela
convivência emocional.
Noutras condições, trata-se
apenas de atração física passageira, de libido exagerada que logo cede lugar ao
desencanto, ao tédio, ao desinteresse... A família, portanto, é um núcleo de
aformoseamento espiritual, que enseja aprendizagem de relacionamentos futuros
exitosos. No grupo animal, quando os filhos adquirem a capacidade de conseguir
o alimento, os pais abandonam-nos, quando isso excepcionalmente em algumas
espécies não ocorre antes. No círculo humano da família é diferente: os laços
entre pais e filhos jamais se rompem, mesmo quando há dificuldades no
relacionamento atual, o que exige transferência para outras oportunidades no
futuro reencarnacionista, que se repetem até a aquisição do equilíbrio afetivo.
É da Divina Lei que somente através do amor o espírito encontra a. plenitude, e
a família é o local onde se aprimora esse sentimento, que se desdobra em
diversas expressões de ternura, de abnegação, de afetividade... Com o
treinamento doméstico o espírito adquire a capacidade de amar com mais
amplitude, alcançando a sociedade, que se lhe transforma em família universal.
(Texto de Joana di Angelis no livro Constelação
Familiar de Divaldo P. Franco)
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