Editorial
Caridade e Esperança
Lembra-te da esperança
para que a tua caridade não se faça incompleta.
Darás ao faminto não
somente a côdea de pão que lhe mitigue a fome, mas também o carinho da palavra
fraterna, com que se lhe restaurem as energias.
Não apenas entregarás ao
companheiro, abandonado à intempérie, a peça que te sobra ao vestiário
opulento, mas agasalhá-lo-ás em teu sorriso espontâneo, a fim de que se reerga
e prossiga adiante, revigorado e tranquilo.
Não olvides a paciência
divina com que somos tolerados a cada hora. Qual acontece ao campo da natureza,
em que o Sol mil vezes injuriado pela treva, mil vezes responde com a bênção da
luz, dentro de nossa vida, assinalamos a caridade infinita de Deus,
refazendo-nos a oportunidade de servir e aprender, resgatar e sublimar todos os
dias.
Não te faças palmatória
dos próprios irmãos, aos quais deves a compreensão e a bondade de que recebes
as mais elevadas quotas do Céu, na forma de auxílio e misericórdia, em todos os
instantes da experiência.
Não profiras maldição nem
espalhes o tóxico da crítica, no obscuro caminho em que jornadeiam amigos menos
ditosos, ainda incapazes de libertarem a si mesmos das algemas da ignorância.
Recorda que Jesus nos
chamou à senda terrestre para auxiliar e salvar, onde muitos já desertaram da
confiança no eterno bem.
Seja onde for e com quem
for, atende à esperança para que o mundo conquiste a vitória a que se destina.
Aliviar com azedume é
alargar a ferida de quem padece e dar com reprimendas é envolver o socorro em
repulsivo vinagre de desânimo ou desespero.
À maneira de raio solar
que desce à furna cada manhã, restaurando o império da luz, sem reclamação e
sem mágoa, sê igualmente para os que te rodeiam a permanente mensagem do amor
que tudo compreende e tudo perdoa, amparando e auxiliando sem descansar, porque
somente pela força do amor alcançaremos a luz imperecível da vida.
(Mensagem de Emmanuel, por Francisco Cândido
Xavier, pauta de reflexão do ESDE II Ed. FEB)
A Fé e o Amor
“Uma mulher que havia doze anos padecia de uma
hemorragia e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos e gastado
tudo o que possuía, sem nada aproveitar, antes ficando cada vez pior, tendo
ouvido falar a respeito de Jesus veio por detrás entre a multidão e tocou-lhe a
capa; porque dizia: se eu tocar somente as suas vestes, ficarei curada. E no
mesmo instante cessou sua hemorragia, e sentiu no seu corpo que estava curada
do seu flagelo. E Jesus disse-lhe: Filha, a tua fé te curou; vai-te em paz e
fica livre de teu mal.” (Marcos, V. 25-34.)
Sabedoria e santidade são
os dois atributos para a aquisição da felicidade.
A Luz dá sabedoria, a
Religião dá santidade, mas só, o Amor resume toda a Lei e a Profecia.
A Esperança consola é
anima; a Caridade robustece e ampara; a Fé salva; o Amor anima todas estas
virtudes; o Amor é a Lei.
Os homens titubeiam; a
Humanidade degrada; tudo parece perdido como a nau batida pela tempestade! Eis
que aparece o amor e faz ouvir sua voz convincente: tudo se acalma!
A bonança sucede à
impetuosidade dos ventos e à fúria dos mares! A luz sucede às trevas como o dia
sucede à noite!
Não há o que melhor
manifeste a Lei de Deus do que o amor. Seu nome, escrito unicamente com quatro
letras, indica os quatro pontos cardeais da felicidade espiritual; suas letras
são luzes; sua luz brilha mais e aquece melhor que o Sol!
A Esperança está ligada à
Imortalidade; mas a fé é inseparável do amor.
A mulher enferma, cheia de
fé, aproxima-se do Senhor, toca-lhe as vestes. “Assim fazendo, pensou, ficarei
curada do mal que há muitos anos me aflige”. E o milagre efetuou-se!
Assim também sucederá a
todos aqueles que tiverem fé e de Jesus se aproximarem: “0 que me seguir não
verá trevas.”
Todos os que tiverem fé, e
com fé buscarem vencer as dificuldades, triunfarão porque o amor coopera com a fé
para abater barreiras, destruir domínios, aniquilar empecilhos e suprimir
dificuldades.
“Se tiveres fé, disse
Jesus, dirás a este monte: passa-te para lá e ele passará.”
“Se tiveres fé, dirás a esta
figueira: transplanta-te para além, e assim acontecerá.”
A missão exclusiva de
Jesus foi reviver os corações na fé, para que as almas cheguem às alturas do
amor de Deus.
Em todas as suas
excursões, o Mestre semeava fé, para que as gentes, com o seu produto,
granjeassem os tesouros do amor.
É assim que, cultivando
seus ensinos, nós alçaremos os mundos de luz que se movimentam no éter
acionados pela vontade de Deus.
A luz dá sabedoria e
salva; Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida; o amor é a lei.
(Reflexões de Cairbar Schutel no livro Parábolas e
Ensinos de Jesus)
A paixão de Jesus
O Espiritismo não nos abre
o caminho da deserção do mundo.
Se é justo evitar os
abusos do século, não podemos chegar ao exagero de querer viver fora dele.
Usufruamos a vida que Deus nos dá, respirando o ar das demais criaturas, nossas
irmãs.
Para seguir a própria
consciência, podemos dispensar a virtude intocável que forja a santidade
ilusória.
Não sejamos sombras vivas,
nem transformemos nossos lares em túmulos enfeitados por filigranas de
adoração.
Nossa fé não é campo
fechado à espontaneidade.
Encarnados e desencarnados
precisamos ser prudentes, mas isso não significa devamos reprimir expansões
sadias e não nos abracemos uns aos outros. A abstinência do mal não impõe
restrições ao bem.
Assim como a virtude
jactanciosa é defeito quanto qualquer outro, a austeridade afetada é ilusão
semelhante às demais.
Não façamos da vida
particular uma torre de marfim para encastelar os princípios superiores, ou
estrado de exibição para entronizar o ponto de vista.
A convicção espírita não é
insensível ou impertinente.
A inflexibilidade, no
dever, não exige frieza de coração. Fujamos ao proselitismo fanatizante, mas
nem por isso cultivemos nos outros a aversão por nossa fé.
Se o papel de vítima é
sempre o melhor e o mais confortável, nem por isso, a título de representá-lo,
podemos forçar a nossa existência, transformando em verdugos, à força, as
criaturas que nos rodeiam.
Não sejamos policiais do
Evangelho, mas candidatemo-nos a servidores cristãos.
Nem caridade vaidosa que
agrave a aspereza do próximo, nem secura de coração que estiole a alegria de
viver.
Quem transpira gelo,
dentro em breve caminhará em atmosfera glacial.
A crença aferrolhada no
orgulho desencadeia desastres tão grandes quanto aqueles criados pelo
materialismo.
Não sejamos companhias
entediantes.
Um sorriso de bondade não
compromete a ninguém.
A fé espírita reside no
justo meio-termo do bem e da virtude.
Nem o silêncio perpétuo da
meia-morte, que destrói a naturalidade, nem a fala medrosa da inibição a beirar
o ridículo.
Nem olhos baixos de
santidade artificiosa, nem anseio inexperiente de se impor a todo preço.
Nem cumplicidade no erro,
na forma de vício, nem conivência com o mal, na forma de aparente elevação.
Fé espírita é libertação
espiritual. Não ensina a reserva calculada que anula a comunicabilidade,
constrangendo os outros, nem recomenda a rigidez de hábitos que esteriliza a
vida simples. Nem tristeza sistemática, nem entusiasmo pueril.
Abstenhamo-nos da falsa ideia
religiosa, suscetível de repetir os desvios de existências anteriores, nas
quais vivemos em misticismo acabrunhante. Desfaçamos os tabus da superioridade
mentirosa, na certeza de que existe igualmente o orgulho de parecer humilde.
O Espiritismo nos oferece
a verdadeira confiança, raciocinada e renovadora; eis por que o espírita não
está condenado a atividade inexpressiva ou vegetante. Caridade é dinamismo do
amor. Evangelho é alegria. Não é sistema de restringir as ideias ou tolher as
manifestações, é vacinação contra o convencionalismo absorvente.
Busquemos o povo – a
verdadeira paixão de Jesus –, convivendo com ele, sentindo-lhe as dores, e
servindo-o sem intenções secundárias, conforme o “amai-vos uns aos outros” – a
senda maior de nossa emancipação. (Cap. XIX – Item 7)
(Mensagem de Ewerton Quadros, no Livro O Espírito
de Verdade, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
Psicografia Recebida em 12/12/2019
Amigos,
Eu vim falar sobre a minha
vida, do quanto não pude ver o que fazia de errado naquela época.
Há muito tempo atrás, eu
pensava ter tudo, tinha poder, dinheiro, prestígio entre a minha gente e etc.
Meu orgulho não tinha limites.
Eu não aceitava opiniões
divergentes da minha, punindo com severidade aqueles que buscassem me afrontar.
Um belo dia chegou a minha
propriedade, um velhinho paupérrimo pedindo abrigo e comida, como muitos
naquela época. Ele foi colocado junto dos animais e ficou muito feliz com isso.
Ele começou a falar de um
Mestre para todos os meus empregados, a contar suas maravilhas e dizendo que o
seu mestre estava nos céus velando por nós.
Ele também curou com a
imposição de mãos os animais e depois as pessoas da localidade; sempre humilde
dizendo que o Mestre que curava e ele só pedia pelas pessoas.
Aquilo começou a me
incomodar profundamente, eu queria expulsar aquele homem das minhas terras.
Logo em seguida, tive que retroceder, pois minha esposa ficou doente e nenhum
remédio fazia efeito. Eu tive que mandar buscá-lo de volta.
O tratamento que ele
dispensou a minha mulher, só posso dizer que me pareceu milagroso e eu o
considerei um bruxo ou curandeiro, mas não podia negar a melhora dela.
Antes de partir novamente,
ele me disse que eu não controlava tudo como pensava e ainda ia descobrir, é
que Deus está no controle de tudo.
O tempo passou e eu morri
como todo mundo, chegando desse lado como um mendigo espiritual, sendo mandado
e perseguido por muitos.
Foram anos, décadas
intermináveis, nas quais eu sofri muito, até me dar conta que eu era só mais
um, entre muitos. Eu roguei ajuda por muito tempo, até me lembrar daquele homem
que havia curado a minha esposa.
Ele apareceu para mim,
muito diferente e me tirou dali, sempre dizendo que tudo era pelo seu mestre,
que o tinha autorizado a me socorrer.
Quando já tinha condições
de entender, ele me falou da história de Jesus, das suas lições e ensinamentos.
Quanta vergonha eu tive ao
me lembrar do meu orgulho e arrogância, de quanta gente estava sob a minha
responsabilidade e eu podia ter ajudado a ter uma vida melhor e não fiz.
O quanto eu podia ter
feito, com aquilo que recebi para ajudar e não fiz.
Ninguém vem com riqueza
para estimular o orgulho, o egoísmo e a vaidade.
A riqueza, seja ela do
tamanho que for, nos é dada para que seja aproveitada pelo próprio e pelos
semelhantes, seja em obras assistenciais, seja gerando fontes de emprego,
enfim, sempre sendo útil a todos da comunidade. A riqueza deve ser espalhada,
esse é o seu bom uso.
Obrigada a todos pela
oportunidade. Abraços fraternos!
Um irmão do caminho.
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