Editorial
Lei dos destinos
[...] As vias para o infinito abrem-se, semeadas
de maravilhas inexauríveis, diante de vós. A qualquer ponto que o voo vos leve,
aí vos aguardam objetos de estudo com mananciais inesgotáveis de alegrias e
deslumbramentos de luz e beleza. Por toda parte e sempre, horizontes
inimagináveis suceder-se-ão aos horizontes percorridos.
Tudo é beleza na obra divina. Reservado vos está,
em vossa ascensão, apreciar os inumeráveis aspectos, risonhos ou terríveis,
desde a flor delicada até os astros rutilantes, assistir às eclosões dos mundos
e das humanidades; sentireis, ao mesmo tempo, desenvolver-se vossa compreensão
das coisas celestiais e aumentar vosso desejo ardente de penetrar em Deus, de
vos mergulhardes nele, em sua luz, em seu amor; em Deus, nossa origem, nossa essência,
nossa vida! [...]
Dia virá em que a alma engrandecida dominará o
tempo e o espaço. Um século não será para ela mais do que um instante na
duração e, num lampejo do seu pensamento, transporá os abismos do céu. Seu
organismo sutil, apurado em milhares de vidas, há de vibrar a todos os sopros,
a todas as vozes, a todos os apelos da imensidade. Sua memória mergulhará nas
idades extintas. Poderá reviver à vontade tudo o que tiver vivido, chamar a si
as almas queridas que compartilharam de suas alegrias e de suas dores e
juntar-se a elas. [...]
Crê, ama, espera, homem, meu irmão, depois, exerce
tua atividade! Aplica-te a fazer passar para tua obra os reflexos e as
esperanças de teu pensamento, as aspirações de teu coração, as alegrias e as
certezas de tua alma imortal. Comunica tua fé às Inteligências que te cercam e
participam de tua vida, a fim de que te secundem na tua tarefa e de que, por
toda a Terra, um esforço poderoso erga o fardo das opressões materiais, triunfe
das paixões grosseiras, abra larga saída aos voos do Espírito. [...]
Trabalha com todas as potências de teu ser por
preparar essa evolução. É mister que a atividade humana se dirija com mais
intensidade para os caminhos do espírito. Depois da humanidade física, é
indispensável criar a humanidade moral; depois dos corpos, as almas! O que se
conquistou em energias materiais, em forças externas, perdeu-se em
conhecimentos profundos, em revelações do sentido íntimo. O homem está
vitorioso do mundo visível; as aberturas praticadas no universo físico são
imensas; restam-lhe as conquistas do mundo interior, o conhecimento de sua
própria natureza e do segredo de seu esplêndido porvir. [...]
Assim, com tuas mãos irás, dia a dia, moldando teu
destino. Renascerás nas formas que teus desejos constroem, que tuas obras
geram, até que teus desejos e apelos te tenham preparado formas e organismos
superiores aos da Terra. Renascerás nos meios que preferes, junto dos seres
queridos, que já estiveram associados a teus trabalhos, a tuas vidas, e que
viverão contigo e para ti, como tu reviverás com eles e para eles.
Terminada que seja tua evolução terrestre, quando
tiveres exaltado tuas faculdades e tuas forças a um grau de suficiente
capacidade, quando tiveres esvaziado a taça dos sofrimentos, das amarguras e
das felicidades que nos oferece este mundo, quando lhe houveres sondado as
ciências e crenças, comungado com todos os aspectos do gênio humano, subirás
então com teus amados para outros mundos mais belos, mundos de paz e harmonia.
Volvidos ao pó, teus últimos despojos terrestres,
chegada às regiões espirituais tua essência purificada, tua memória e tua obra
hão de amparar ainda os homens, teus irmãos, em suas lutas, em suas provações,
e poderás dizer com a alegria de uma consciência tranquila: “Minha passagem na
Terra não foi estéril; não foram vãos meus esforços!”
(Leon Denis – O Problema do ser, do destino e da
dor – Cap. XIX)
Sinal de Amor
"E saíram os fariseus
e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do
Céu." - (João, 8:11.)
No Espiritismo cristão, de quando em quando
aparecem aprendizes do Evangelho, sumamente interessados em atender a certas
solicitações, no capítulo dos fenômenos psíquicos. Buscam sinais tangíveis,
incontestáveis.
Na maioria das vezes, movimento não passa de
repetição do gesto dos fariseus antigos. Médiuns e companheiros outros, em
grande número, não se precatam de que os pedidos de demonstrações do céu são
formulados, por tentação.
Há ilações lógicas no assunto, que cabe não
desprezar. Se um espírito permanece encarnado na Terra, como poderá fornecer
sinais de Júpiter?
Se as solicitações dessa natureza, endereçadas ao
próprio Cristo, foram consideradas como gênero de tentação ao Mestre, pelo
evangelho, com que direito poderão impô-las os discípulos novos aos seus amigos
do invisível?
Ao contrário disso, os aprendizes fiéis devem
estar preparados ao fornecimento de demonstrações da Terra.
É justo que o cristão não possa projetar uma tela
mágica sobre as nuvens errantes, mas pode revelar como se exerce o ministério
da fraternidade no mundo.
Nunca desdobrara a paisagem total onde se
movimentam os seres invisíveis, mas está habilitado a prestar colaboração no
esclarecimento dos homens do porvir.
Quem solicita sinais do Céu será talvez ignorante
ou portador de má-fé; entretanto os que tentem satisfazê-los andam muito distraídos
do que aprenderam como Cristo.
Se te requisitam demonstrações estranhas, podes
replicar com segurança resoluto, que não estás designado para à produção de
maravilhas e esclarece a teu irmão que permaneces determinado a aprender com o
Mestre, a fim de ofereceres à Terra o teu sinal de amor e luz, firme na fé,
para não sucumbires às tentações.
(Emmanuel, no livro Segue-me de Francisco Cândido
Xavier)
Nas Dores e Rudes Provações
É invariável o número das encarnações para todos
os Espíritos? “Não; aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra.
Todavia, as encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o
progresso é quase infinito.” O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Levanta o espírito combalido e avança na direção
do bem que te convida à felicidade. Quantos se demoraram no exame dos insucessos,
recolhendo reproche e coletando amarguras, estão na retaguarda, em dolorosas
lamentações.
Aqueles que colocaram a lâmina cortante da intriga
e da suspeita no coração, receosos de movimentos libertadores, continuam
temerosos entre os que ficaram para trás.
Todos os que fizeram libações perigosas na taça do
medo, encontram-se narcotizados, sem força para reagirem contra o mal, para
seguirem intimoratos na direção da verdade. Muitos que se ligaram à hipnose
perturbadora da impiedade, que medra em vigorosas mentes desencarnadas,
acumpliciaram-se com as hordas selvagens do Além-Túmulo, sucumbindo, inermes,
sob tenazes rudes.
O medo como o arrependimento são ópio nefasto para
a alma. Como a censura é carro de cinza e lama, a tristeza e a taciturnidade
são nimbos compactos ante o claro sol, dificultando a expansão da luz. Não
permitas que a névoa do cansaço ou a noite do desencanto povoem o país da tua
alma com fantasmas que se desintegram ao contato da verdade. Não os vitalizes,
não os agasalhes.
O cristão decidido está entregue a Jesus, n’Ele
confia, a Ele se dá. E se a dificuldade teima em persegui-lo, como se tomasse
corpo e movimento, ele se arma com a oração e o amor, e avança. Se a desordem
reina, ele faz-se o equilíbrio de todos.
Se a dor impera, ele é a esperança de saúde para
todos. Se o desespero cresce ele é o porto de segurança onde todos se
encontram. Se o mal, em qualquer manifestação reponta, ele é o bem em
representação atuante e vigorosa, ajudando e confiando sem temor nem cansaço
até o fim.
Não te deixes, portanto, abater, nunca. Lembra-te
de que Jesus, podendo ter vivido cercado de bajuladores e comparsas, guindado
às altas esferas do mundo entre prazeres e faceias, no gozo ilusório do
imediatismo carnal, escolheu os recintos onde se demorava a dor, e para
companheiros homens simples e corações problematizados, amigos atormentados e
perseguidos, perseguido Ele mesmo, para logo depois de julgamento arbitrário e
cárcere humilhante, seguidos de ignominiosa crucificação e obscura morte,
alçar-se às excelsas planuras da Imortalidade, vitorioso e sublime, continuando
a esperar por nós, pelos séculos sem-fim, nos infinitos caminhos do tempo.
(Joanna de Ângelis, no livro Espírito e Vida de
Divaldo P. Franco)
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