sábado, 31 de março de 2018

Ano II – Rio das Ostras – Edição Abril 2018


Editorial
O século XIX apresentou uma dessas épocas em que fomos especialmente abençoados pela bondade superior, a despeito de todas as dificuldades assinaladas neste período. Além das enormes contribuições culturais recebidas, fomos imensamente distinguidos pelo advento do espiritismo, materializado no mundo físico, pelo trabalho inestimável do professor fracês Hippolyte León Denizard Rivail que, ao codificar a Doutrina Espírita, adotou o pseudônimo de Allan Kardec.
Em 18 de abril de 1857, após minucioso trabalho que contou com diversos médiuns colaboradores e uma plêiade de Espíritos superiores, Allan Kardec lança, em Paris, O Livros dos Espíritos, a pedra fundamental do espiritismo.
Esta importante obra traz os principais conceitos da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o provir da humanidade. Raiou, assim, para o mundo a Era Espírita, um marco inicial da codificação que reúne ciência, filosofia e religião, levando o ser humano a um novo patamar de crença: a fé raciocinada.



No Problema da Dor


Para liquidar o problema da dor, ninguém deprecie a responsabilidade que lhe compete.  O Universo é regido pela Justiça Divina e, nos tribunais do Perfeito Equilíbrio, todo sofrimento é resgate entre as criaturas, quando não seja luminosa missão de amor dos espíritos angélicos.
Para ilustrar o conceito, recordemos que as doenças no mundo requerem medidas especiais. O embaraço gástrico pede medicação laxativa. A apendicite reclama a intercessão operatória. A escabiose aguarda recurso balsamizante. O carcinoma pede extirpação e limpeza.  A loucura roga amparo e insulamento. Para a legião das moléstias comuns, surge todo um exército de especialistas e enfermeiros, socorros e intervenções.
Assim também, na Vida Espiritual, cada consciência culpada que lhe alcança os domínios pelos braços da morte, implora a assistência na farmácia da vida. A dor é procurada como remédio valioso e a reencarnação é o caminho em que deve ser encontrada.
Quem abusou da fortuna material, pede a cooperação da extrema pobreza. Quem relaxou a saúde, clama pela enfermidade como medida capaz de garantir-lhe o reajuste. Quem se arrojou à delinquência, na alucinação da beleza física, pede o corpo disforme que lhe assegure o retorno à tranquilidade. Quem aviltou a inteligência, suplica as inibições mentais do cérebro curto, como serviço indispensável à própria restauração. Quem se valeu do poder para espalhar aflições e lágrimas, requisita a desvalia social com problemas difíceis em que lágrimas e aflições lhe regenerem o campo íntimo.
Recebe, pois o tipo de experiência que escolheste na Terra, em benefício de tua própria recuperação para Deus, sem desfalecer no trabalho que a Justiça te reservou. Acolhe a dor e a luta por sábias instrutoras da vida e não lhes menoscabes o concurso santificante. A sombra de ontem te procura o asilo de hoje e somente ao preço de teu sacrifício na tarefa redentora, pelo próprio dever bem cumprido, é que atingirás, valoroso e feliz, a Plena Luz de Amanhã.
(Mensagem de Emmanuel, do Livro Páginas de Fé de Francisco Cândido Xavier/Carlos A. Baccelli)




Caridade Essencial

Em todos os lugares e situações da vida, a caridade será sempre a fonte divina das bênçãos do Senhor.
Quem dá o pão ao faminto e água ao sedento, remédio ao enfermo e luz ao ignorante, está colaborando na edificação do Reino Divino em qualquer setor da existência ou da fé religiosa a que foi chamado.
A voz compassiva e fraternal que ilumina o espírito é irmã das mãos que alimentam o corpo.
Assistência, medicação e ensinamento constituem modalidades santas da caridade generosa que executa os programas do bem. São vestiduras diferentes de uma única virtude. Conjugam-se e complementam-se num todo nobre e digno.
Ninguém pode assistir a outrem, com eficiência, se não procurou a edificação de si mesmo; ninguém medicará, com proveito, se não adquiriu o espírito de boa-vontade para com os que necessitam, e ninguém ensinará, com segurança, se não possui a seu favor os atos de amor ao próximo, no que se refira à compreensão e ao auxílio fraternais.
Em razão disso, as menores manifestações de caridade, nascidas da sincera disposição de servir com Jesus, são atividades sagradas e indiscutíveis. Em todos os lugares, serão sempre sublimes luzes da fraternidade, disseminando alegria, esperança, gratidão, conforto e intercessão divinas.
Antes, porém, da caridade que se manifesta exteriormente nos variados setores da vida, pratiquemos a caridade essencial, sem o que não poderemos efetuar a edificação e a redenção de nós mesmos.
Trata-se da caridade de pensarmos e agirmos, segundo os ensinamentos do Divino Mestre, no Evangelho. É a caridade de vivermos verdadeiramente n’Ele para que Ele viva em nós.
Sem esta, poderemos levar a efeito grandes serviços externos, alcançar intercessões valiosas em nosso benefício, espalhar notáveis obras de pedra, mas, dentro de nós mesmos, nos instantes de supremo testemunho da fé, estaremos vazios e desolados, na condição de mendigos da luz.
(Mensagem de Emmanuel, do Livro Vinha de luz de Francisco Cândido Xavier)




Em Família


A família consanguínea é a lavoura de luz da alma, dentro da qual triunfam somente aqueles que se revestem de paciência, renúncia e boa vontade.
De quando a quando, o amor nos congrega, em pleno campo da vida, regenerando-nos a sementeira do destino.
Geralmente, não se reúnem a nós os companheiros que já demandaram à esfera superior, dignamente areolados por vencedores, e sim afeiçoados menos estimáveis de outras épocas, para restaurarmos o tecido da fraternidade, indispensável ao agasalho de nossa alma, na jornada para os cimos da vida.
Muitas vezes, na condição de pais e filhos, cônjuges ou parentes, não passamos de devedores em resgate de antigos compromissos.
Se és pai, não abandones teus filhos aos processos evolutivos da natureza animal, qual se fora menos digno de atenção que a hortaliça da tua casa.
A criança é um "trato de terra espiritual " que devolverá o que aprende, invariavelmente, de acordo com a sementeira recebida.
Se és filho, não desprezes teus pais, relegando-os ao esquecimento e subestimando-lhes os corações, como se estivessem em desacordo com os teus ideais de elevação e nobreza, porque também, um dia, precisarás da alheia compreensão para que se te
Aperfeiçoe na individualidade a região presentemente menos burilada e menos atendida.
A criatura no acaso da existência é o espelho do teu próprio futuro na Terra.
Aprende a usar a bondade, em doses intensivas, ajustando-a ao entendimento e à vigilância para que a tua experiência em família não desapareça no tempo, sem proveito para o caminho a trilhar.
Quem não auxilia a alguns, não se acha habilitado ao socorro de muitos.
Quem não tolera o pequeno desgosto doméstico, sabendo sacrificar-se com espontaneidade e alegria, a benefício do companheiro de tarefa ou de lar, debalde se erguerá por salvador de criaturas e situações que ele mesmo desconhece.
Cultiva o trabalho constante, o silêncio oportuno, a generosidade sadia e conquistarás o respeito dos outros, sem o qual ninguém consegue ausentar-se do mundo em paz consigo mesmo.
Se não praticas no grupo familiar ou no esforço isolado a comunhão com Jesus, não te demores a buscar-lhe a vizinhança. a inspiração e a diretriz.
Não percas o tesouro das horas em reclamações improfícua ou destrutivas. Procura entender e auxiliar a todos em casa, para que todos em casa te entendam e auxiliem na luta cotidiana, tanto quanto lhe seja possível.
O lar é o porto de onde a alma se retira para o mar alto do mundo, e quem não transporta no coração o lastro da experiência dificilmente escapará ao naufrágio parcial ou total.
Procura a paz com os outros ou a sós.
Recorda que todo dia é dia de começar.
(Mensagem de Emmanuel, do Livro Família de Francisco Cândido Xavier)