quarta-feira, 1 de maio de 2019

Ano III - Rio das Ostras - Edição Maio 2019


Editorial

Sementeira e construção  

“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.”
Paulo (I Coríntios, 3:9)

Asseverando Paulo a sua condição de cooperador de Deus e designando a lavoura e o edifício do Senhor nos seguidores e beneficiários do Evangelho que o cercavam, traçou o quadro espiritual que sempre existirá na Terra em aperfeiçoamento, entre os que conhecem e os que ignoram a verdade divina.
Se já recebemos da Boa Nova a lâmpada acesa para a nossa jornada, somos compulsoriamente considerados colaboradores do ministério de Jesus, competindo-nos a sementeira e a construção dele em todas as criaturas que nos partilham a estrada.
Conhecemos, pois, na essência, qual o serviço que a Revelação nos indica, logo nos aproximemos da luz cristã.
Se já guardamos a bênção do Mestre, cabe-nos restaurar o equilíbrio das correntes da vida, onde permanecemos, ajudando aos que se desajudam, enxergando algo para os que jazem cegos e ouvindo alguma coisa em proveito dos que permanecem surdos, a fim de que a obra do Reino Divino cresça, progrida e santifique toda a Terra.
O serviço é de plantação e edificação, reclamando esforço pessoal e boa vontade para com todos, porquanto, de conformidade com a própria simbologia do apóstolo, o vegetal pede tempo e carinho para desenvolver-se e a casa sólida não se ergue num dia.
Em toda parte, porém, vemos pedreiros que clamam contra o peso do tijolo e da areia e cultivadores que detestam as exigências de adubo e proteção à planta frágil.
O ensinamento do Evangelho, contudo, não deixa margem a qualquer dúvida. Se já conheces os benefícios de Jesus, és colaborador dele, na vinha do mundo e na edificação do espírito humano para a Eternidade. Avança na tarefa que te foi confiada e não temas. Se a fé representa a nossa coroa de luz, o trabalho em favor de todos é a nossa bênção de cada dia.
(Mensagem de Emmanuel no livro Fonte Viva de Francisco Cândido Xavier)



As asas da libertação

Vinde a mim, todos os que andais em sofrimento e vos achais carregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para suas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus, XI: 28-30).

Se pretendes mergulhar nos fluidos superiores da Vida, desvendando os complexos mecanismos da existência, ora e medita. A prece levar-te-á no centro das aspirações superiores, harmonizando-te.
Se desejas permanecer em paz integral, consolidando as conquistas espirituais, renuncia e esquece todo o mal. A renúncia ensinar-te-á a libertação das coisas e das conjunturas afligentes, e o esquecimento de qualquer mal ser-te-á o piloti para a libertação plena.
Se planejas integração no bem, ampliando a visão do amor, trabalha e serve ao próximo. O trabalho enriquecer-te-á de valores inquestionáveis, e o serviço da caridade ao próximo proporcionar-te-á oportunidade de iluminação pessoal com doação de felicidade aos outros.
A perseverança no bem dar-te-á generosidade natural, e a companhia ao lado dos infelizes far-te-á sábio pelas técnicas de amor que aprenderás a utilizar para o êxito do ministério.
As duas primeiras linhas do comportamento podem ser a tua vertical de silencioso crescimento para Deus, na luta íntima, sem testemunhas, muitas vezes chorando e sofrendo, como se o solo da alma fosse rasgado para que se fixasse a trave em que que te apoias e amparas.
As duas atitudes outras são a linha horizontal da tua vivência espiritual e fraterna com as criaturas humanas do teu caminho.
Já não é a busca em estrangulamentos das paixões, mas a doação em sorrisos de alegria, distribuindo estímulos e coragem em nome do amor que reflete o Grande Amor.
Uma cruz a tua vida! Nela, de abraços abertos, tu te encontras. Já não há dor, nem aflição. Lentamente verás transformar-se a trave horizontal em asas de luz e, livre, ascenderás na direção do Sublime Crucificado, que a todos nós aguarda em confiança e paz.
(Mensagem de Joana de Ângelis, no livro Otimismo de Divaldo P. Franco)





Família-Lar

Numa família-lar, aqueles que ali vivem estão em sintonia psíquica uns com os outros para que o amor possa fluir naturalmente. Sem cobranças, sem ciúmes e sem neuroses. Tudo estará de acordo com os objetivos divinos de aperfeiçoamento dos seres humanos. Manter a mente no estado de paz que facilite a manifestação do amor só é possível quando a convivência já dissolveu as barreiras psíquicas que afastam as pessoas, por mais próximas que se encontrem. Geralmente, tais barreiras se originam pela falta de diálogo, pelo não dito entre os membros da família, provocando um distanciamento subjetivo, o qual promove o surgimento de contaminações nocivas à convivência.
No lugar que o diálogo deveria ocupar na convivência, surgem ressentimentos, desconfianças, disputas, mágoas e etc..., não basta estar junto fisicamente para que não existam barreiras separadoras. O que une os seres humanos são os sentimentos nobres que se cultivam uns para com os outros. O inverso os afasta. A unidade de uma família estará na sintonia psíquica entre seus membros. Quanto mais se disponibiliza a mente para a compreensão do outro, mais o amor acontece.
A família-lar é um grupo de espíritos afins que se conectam pelos fios invisíveis do amor e se orientam na direção de objetivos nobres. Nela existe um sentimento de unidade entre seus membros que os vinculam uns aos outros, permitindo que a compreensão dos atos anteceda o confronto. São espíritos que se conhecem de outras existências e que estão resolvidos, sem que haja cobranças mútuas. Entre eles nada precisa ser equacionado. Ninguém se considera devedor ou credor do outro. Seus membros se protegem das invasões psíquicas que, muitas vezes, desestruturam o equilíbrio do conjunto.
[...] A grande maioria das famílias ainda não se transformou na família-lar porque ainda não resolveu simples questões de relacionamento interpessoal. Ainda se digladiam internamente, disputando a primazia de suas opiniões. Não resolveram suas emoções uns com os outros. Ainda se encontram disputando coisas ou posições. Reencarnam juntos por atração do carma negativo a fim de aprenderem a amar através da convivência.
Na família-lar cada um de seus membros compreende sua responsabilidade na manutenção do equilíbrio do conjunto. Dá sua parcela de contribuição para o bem estar de todos. [...] Permite que se ultrapassem as barreiras do sangue para que se incluam nela todos aqueles que sintonizem com seus objetivos superiores. Nela cabem os membros da família originária como também da gerada, quando os carmas negativos estiverem dissolvidos. Sua energia contagiante provoca naqueles que a ela se ligam o desejo de se tornar seu integrante.
[...] A busca pelo bem estar de si mesmo e do outro fará com que o Universo conspire em favor de quem o faz. Qualquer tipo de evento aversivo ao ser humano deverá ser entendido como um recado de Deus para que ele encontre o equilíbrio e a paz em sua vida. A paz em família não é utopia nem algo que não se possa realizar. Quando alguém está imbuído do firme propósito de construir um lar com outra pessoa e nela houver ressonância, as leis de Deus favorecem a que alcancem os objetivos. É preciso identificar qual o sentido maior que une aquelas pessoas numa família e, a partir daí, trabalhar para que todos consigam sintonizar com a Espiritualidade Maior e tentar seguir o planejamento superior, para o qual foram destinados.
(Reflexões do livro Evangelho e Família de Adenàuer Novaes)