quarta-feira, 1 de julho de 2020

Ano IV - Rio das Ostras - Edição Julho 2020


Editorial

Peregrinação cristã
 Se aceitaste o evangelho por abençoado roteiro de aperfeiçoamento, não te esqueças da representação que nos cabe em toda parte.
A fé nos confere consolação, mas nos reveste de responsabilidade a que não podemos fugir. Somos embaixadores de Jesus onde estivermos, se a luz d'ele é o clarão que nos descortina o futuro.
Não te esqueças de semelhante realidade para que a tua experiência religiosa não se reduza a simples adoração improdutiva. A estrada permanece descerrada a nós todos.
Cada dia é uma revelação para que exerçamos a sublime investidura. Se o senhor desceu até nós, partilhando-nos a senda obscura e viciosa a fim de que nos levantássemos, aprendamos também a representá-lo nas regiões inferiores à nossa posição do conhecimento.
Onde fores defrontado pela calúnia, sê a palavra amiga do esclarecimento benéfico. Se o mal te avista, improvisa o bem com tua capacidade de ajuizar as situações de planos mais altos.
Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.
Se a infantibilidade te busca, não a abandones, porque o cristão sincero é o bom semeador que tudo aperfeiçoa para a glória do infinito bem.
Se a leviandade vem ao teu encontro, ajuda o companheiro de jornada, orientando-lhe o pensamento para o justo equilíbrio em que a nossa fé se inspira e vive sempre.
Se a treva tenta envolvê-lo, faze a claridade do otimismo, com as bênçãos do amor que auxiliam em todos os instantes.
Mas se o embaixador humano é obrigado a longo curso de compreensão e tolerância na ciência do tato e da gentileza para não falharem seus compromissos, não creias que o emissário do cristo deva agir sem os princípios de serenidade e do bom ânimo.
Colaboremos e ajudemos sem alardear notas de superioridade perturbadora. Quanto mais clara a nossa luz, mais alta a nossa dívida para com as sombras. Quanto mais sublimes nossas noções do bem, mais imperiosos os nossos deveres de socorro às vítimas do mal. O mensageiro de cristo é o braço do evangelho.
(Mensagem de Emmanuel no livro Paz e Libertação de Francisco Cândido Xavier)




No Esforço Evolutivo
Ide e pregai o Evangelho
No maravilhoso drama da evolução universal, é o homem, na Terra e no Espaço, valioso colaborador de Deus. Se os Espíritos Superiores operam, no plano extra físico, visando ao aperfeiçoamento dos encarnados, estes, por seu turno, empregam esforços no mesmo sentido, sintonizando-se, integrando-se na sublime tarefa do esclarecimento espiritual.
Não existem duas vidas distintas, separadas, independentes. Há, pelo contrário, uma só vida, que se caracteriza por duas etapas. A primeira, no mundo espírita ou espiritual, que sobrevive a tudo, que preexiste ao nascimento na Terra, consoante esclarece a Doutrina. A segunda, após o nascimento, no mundo corpóreo, no chamado mundo material ou físico.
Essas duas etapas são, no entanto, correlatas. Reagem uma sobre a outra incessantemente — informam os Instrutores Espirituais, esclarece a Codificação.
Quanto maior o número de almas nobres que venham a reencarnar na Terra, mais depressa ascenderá esta no concerto dos Mundos que, em fabulosos turbilhões, rolam pelo espaço imensurável.
De igual maneira, quanto maior o número de almas edificadas que retornarem da Terra, mais se purificará o ambiente espiritual nas regiões próximas à crosta. Como se vê, a posição dos encarnados influi na vida do Além-Túmulo, quanto o comportamento dos Espíritos influi na paisagem física do Globo. Urge, pois, haja simultaneidade no trabalho — neste sublime intercâmbio entre o Mundo Espírita e o Mundo Corpóreo.
A Humanidade terrena não pode, nem deve ensarilhar armas no afã de, combatendo as próprias deficiências, corrigindo as próprias imperfeições, preparar fortes contingentes espirituais que, mais tarde, voltarão infalivelmente ao mundo, a fim de ao mundo restituírem os valores sublimados e eternos aqui recebidos.
Quando Jesus, observando as lutas do proscênio terrestre, aconselhou o “ide e pregai o Evangelho”, não pretendeu, de forma alguma, fossem os discípulos, tão somente, levar conforto aos sofredores, consolação aos aflitos, bom ânimo aos desalentados do caminho. Desejou, evidentemente, que, aldeia por aldeia, cidade por cidade, preparassem almas para o Reino que oportunamente haveria de construir no coração da Humanidade inteira. Jesus veio, também, educar. E o objetivo da pregação educativa do Mestre estende-se, tanto hoje como ontem, além fronteiras do nosso parco entendimento.
A palavra do Senhor é, simultaneamente, pão e luz na estrada. Na Terra e no Espaço. “Eu sou o pão da vida.” “Eu sou a luz do mundo.” Pão que alimenta, fortalece, encoraja. Luz que esclarece, orienta, dá responsabilidade.
Comendo desse pão subjetivo, nutre-se o homem em definitivo. Não terá mais fome. Banhando-se nessa luz, torna-se consciente do seu glorioso destino, artífice de sua própria evolução.
Entende que lhe cabe, na obra geral, coletiva, de aperfeiçoamento dos seres, uma contribuição que, por diminuta, nem por isso é menos valiosa.
Há, nessa colaboração, um mérito indiscutível: — o da boa vontade. Aquele que sente, dentro de si, uma réstia da claridade divina, pode e deve influenciar no sentido de que todos coparticipem do seu programa de aprimoramento. Esta influência nem sempre se verificará pelo maior ou menor número de livros que escreve, ou de conferências que profere, mas pela efetiva exemplificação no Bem. Na Moral e no Saber.
Se o contingente maior de encarnados se constitui, inegavelmente, de seres retardados, infelizes, o campo de atividades do tarefeiro evangélico é muito grande. A extensão desse campo desafia-lhe o esforço e a perseverança, o dinamismo e a resistência.
Inteligências menos desenvolvidas vagueiam nas sombras da Terra e do Espaço, reclamando orientação caridosa. Nos desvãos do crime e da loucura jazem desventurados companheiros de jornada, aguardando simplesmente uma frase alentadora, um conceito renovador.
A palavra do Mestre continua ressoando, ressoando. Imperativa e fraterna, por mensagem de Esperança. “Ide e pregai o Evangelho”.
(Reflexão do livro Estudando o Evangelho de Martins Peralva)



Felicidade
Existe a felicidade? Será ficção ou realidade? Se não existe, por que tem sido essa a aspiração de todas as gerações através dos séculos e dos milênios? Já não seria tempo de o homem desiludir-se? Se existe, por que não a encontram os que a buscam com tanto empenho? Que nos responda o poeta: "A felicidade está onde nós a pomos; e nunca a pomos onde nós estamos". Eis a questão.
A felicidade é um fato desde que a procuremos onde realmente ela está, isto é, em nós mesmos. O desapontamento de muitos com relação à felicidade, desapontamento que tem gerado incredulidade e pessimismo, origina-se de a terem procurado no exterior, onde ela não está; origina-se ainda de a suporem dependendo de condições e circunstâncias externas, quando todo o seu segredo está em nosso foro íntimo, no labirinto dos refolhos de nosso ser.
O problema da felicidade é de natureza espiritual. Circunscrito à esfera puramente material, jamais o homem o resolverá. O anseio de felicidade que todos sentimos vem do Espírito, são protestos de uma voz interior.
O erro está em querermos atender a esses reclamos por meio das sensações da carne e da gratificação dos sentidos. Daí a insaciabilidade, daí a eterna ilusão! O fracasso vem da maneira como pretendemos acudir ao clamor do Espírito. Ao rufiar de asas, respondemos com o escarvar de patas. A ideia da felicidade é tão real como a da imortalidade: aquela, porém, como esta, diz respeito à alma, não ao corpo.
Ao Espírito cumpre alcançar a felicidade que está, como a imortalidade, -em si mesmo, na trama da própria vida, dessa vida que não começa no berço nem termina no túmulo. A felicidade, neste mundo onde tudo é relativo, não exclui o sofrimento. Mesmo na dor, a felicidade legítima permanece atuando como lenitivo. De outra sorte, sofrer durante certo tempo e ver-se, depois, livre do sofrimento, já não será felicidade? O doente que recupera a saúde e o prisioneiro que alcança a liberdade já não se sentem, por isso, felizes? A saudade que nos crucia, não se transforma em gozo quando, novamente, sentimos palpitar, bem junto ao nosso, o coração amado? Não é bom sofrer para gozar? É assim que, muitas vezes, a felicidade surge da própria dor como a aurora irrompe da noite caliginosa.
O descanso é um prazer após o trabalho; sem este, que significação tem aquele? Assim a felicidade. Ela representa o fruto de muitos labores, de muitas porfias e de acuradas lutas. Vencer é alcançar a felicidade. Podemos, acaso, conceber vitória sem refregas? Quanto mais árdua é a peleja, maior será a vitória, mais saborosos os seus frutos, mais vigentes os seus louros. Para a felicidade fomos todos criados. "Quero que o meu gozo esteja em vós, e que o vosso gozo seja completo."
As graças divinas estão em nós, mas não as percebemos. A vida animalizada que levamos ofusca o brilho da luz íntima que somos nós mesmos. Vivemos como que perdidos, insulados, ignorando-nos a nós próprios. Encontrarmo-nos e nos reconhecermos como realmente somos — eis a felicidade. Fugirmos da espiritualidade é fugirmos de nós mesmos. Querendo fruir prazeres sensuais, adulteramos nossa íntima natureza, resvalando para o abismo da irracionalidade. Desse desvirtuamento vem a dor, dor que nos chama à realidade da vida e nos conduz à felicidade. A alegria de viver é consequência natural de um certo estado de alma, e significa viver profundamente. "Eu vim para terdes vida e vida em abundância".
A verdadeira vida é sempre cheia de alegria; é um dia sem declínio, um sol sem ocaso. O céu é a região da luz sempiterna. A ele não iremos pela estrada ensombrada de tristezas, luto e melancolia. O caminho que conduz à felicidade, resolvendo os problemas da vida, é estreito: não é escuro, nem sombrio. Estreito, no caso, significa difícil, mas não lúgubre.
A alegria de viver nasce do otimismo, o otimismo nasce da fé. Sem fé ninguém pode ser feliz. Sem fé e sem amor não há felicidade. As virtudes são suas ancilas. Haverá felicidade maior que nos sentirmos viver no coração de outrem? "Pai, quero que eles (os discípulos) sejam um em mim, como eu sou um contigo." A fusão de nossa vida em outra vida é a máxima expressão da ventura. O egoísmo é o seu grande inimigo. Alijá-lo de nós é dar o primeiro passo na senda da felicidade. Sendo a felicidade resultante de uma série de conquistas, é, por isso mesmo, obra de educação.
Através da autoeducação de nosso Espírito, lograremos paulatinamente a felicidade verdadeira. O reino de Deus — que é o do amor, da justiça e da liberdade — está dentro de nós, disse Jesus com o peso de sua autoridade. Descobri-lo, torná-lo efetivo, firmar em nós o império desse reino, vencendo os obstáculos e os embaraços que se lhe opõem — tal é a felicidade.
Para finalizar, concedamos a palavra a Leon Denis, o grande apóstolo da Nova Revelação: Como a educação da alma é o senso da vida, importa resumir seus preceitos em palavras: Aumentar tudo quanto for intelectual e elevado. Lutar, combater, sofrer pelo bem dos homens e dos mundos. Iniciar seus semelhantes nos esplendores de verdadeiro e do belo. Amar a verdade e a justiça praticar para com todos a caridade, a benevolência tal é o segredo da FELICIDADE, tal é o Dever, tal é a Religião que o Cristo legou a Humanidade.
(Texto do livro Em torno do Mestre de Vinícius)



Psicografia

Aceita, filha, a tua dor. Aceita a irmã que lhe visita, pois vem a convite de ti mesma e lhe quer ensinar. Ensinar o valor do corpo, templo sagrado do Espírito, que é e que tem, neste instrumento físico, o veículo abençoado para expressão do Ser.
Aceita, filha, e entende que nos desígnios de Deus, em sua lei de amor, justiça e misericórdia, tudo é proveito, tudo é aprendizado.
Aceita, filha, a dor que lhe bate a porta e procura conhecer, e compreender por que caminhos de sua própria vida, ela vem, pois não é causa, é consequência.
Aceita, filha, conhece, compreende e bem diga a tua dor. E louva essa irmã, e mestre, de tanto que precisas aprender e praticar.
Bem dize com Deus, o teu momento de sofrimento, pois é temporário, é valioso, é fundamental para o seu prosseguir mais forte, mais sábia, mais humilde, melhor para ti mesma.
Louva, filha, a “benção estranha” como dizes, que lhe chega e, com Jesus, por seus ensinamentos de amor, abraça a tua cruz espiritual e sublima o olhar sobre a realidade da vida eterna, das existências na carne e no pleno Ser eterno como Espírito de luz.
Vence as sombras, filha, vence a ti mesmo e segue com o Pai para o crescimento espiritual a que te destinas.
Por tua fé, reage com Jesus e encontra a tua força para esse embate. Já és gloriosa! Vence com Ele também!
Tenha olhos de ver, na aparente penumbra de teus dias, o verdadeiro iluminar de tua alma.
Fica com Deus! Faça essa escolha! Fica em paz!
Mãe Alzira Bentes