sábado, 30 de novembro de 2019

Ano III - Rio das Ostras - Edição Dezembro 2019


Editorial


Natal de luz
Se ao abeirar da noite sublime de Natal nada vês à frente senão a oportunidade de realizar desejos e alimentar sonhos para o ano vindouro, lastimo dizer que ainda não penetraste o verdadeiro espírito dessa data.
Por acaso esqueces que o divino aniversariante roga por todos, e para todos, quer o melhor?
Recorda que ele dispensou a pompa e o luxo e veio ao mundo de forma tão simples, para eternizar a mensagem de que fosses humildes sempre.
Todos os que passavam puderam participar de momento tão majestoso, e com isso deixou-nos a lição da confraternização que não deve ficar restrita à nossa casa, mas dela transbordar em todas as direções alegrando também ao que jazem esquecidos pelas sarjetas, os que não tem família, nem lar e nem pão, pois eles são teus irmãos e é Natal tanto para eles quanto para ti.
Não precisas abandonar o lar na noite festiva para estar com eles, mas podes desperdiçar menos para que, de tua abastança, uma migalha possas oferecer aos menos favorecidos, para propiciar-lhes uma noite feliz.
E quando o Natal chegar, não o procures ou vivas somente nas coisas externas. Embora tenhas os pés fincados no chão das necessidades humanas, não furtes aos olhos o espetáculo do céu.
Lembra que na sublime noite Jesus faz com que as luzes celestiais caiam sobre toda a Terra.
Não coloques o coração em trevas. Abre-o para transformar a escuridão em berço de estrelas fulgurantes, que desprendendo-se do infinito vem ornar as almas aflitas e desesperançadas trazendo com elas a dúlcida figura do Mestre Nazareno a relembrar-nos que para todo sempre ele estará conosco.
(Mensagem de Maria do Rosário Del Pilar, no Livro A Conquista da Felicidade de Eulália Bueno)





 Nas Diretrizes do Evangelho
“Nem todo o que diz Senhor, Senhor, entrara no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai...” (Mateus, 7:21)
O tema nos convida a reflexão sobre como nos posicionamos na qualidade de discípulos frente aos ensinamentos de Jesus. Em diversas oportunidades Jesus exemplificou como deveríamos nos portar frente às diversas situações que a vida nos coloca. Quando descobrimos a riqueza do Evangelho, encontramos verdadeiro manancial que auxilia a nos reformarmos interiormente.
A reforma perante a luz do Cristo, certamente nos torna pessoas melhores. Porém, o fato consiste somente em Parte da questão. De que vale chamá-lo de Mestre quando não se segue os seus preceitos? Faz-se imprescindível aplicar seus ensinamentos na própria vida transformando-se com o objetivo maior de melhor servir. No próprio capítulo citado acima, Mateus relembra a assertiva do Mestre: “Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”, ou seja, o trabalho é fundamental.
Já dizia Paulo “Somos cooperadores de Deus” (I Coríntios, 3:9) e, para nos ensinar como cooperar, Jesus veio pessoalmente trazer sua mensagem de amor que nos ensina como proceder. Esta mensagem está concentrada nos Evangelhos que constituem um verdadeiro manual de normas de conduta. E Jesus fornecendo padrões educativos nas passagens do Evangelho, através dos seus exemplos e ensinamentos, que nos levarão a plenitude, culminando na conquista do Reino dos Céus dentro de nós.
“Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia” (VL 100). Como absorver tal citação em nossas vidas se ainda estamos tio distantes do que seria um bom exemplo? Os Evangelhos nos ensinam o caminho, mas a prática a nos pertence totalmente. E é justamente nessa prática, envolvida pela caridade, que estaremos aprendendo com o Mestre do amor e da renúncia.
O trabalho digno é a oportunidade abençoada e, trazendo para o nosso contexto, não resta dúvida que o exercício da mediunidade é um excelente campo na seara do bem. Entretanto, boa Parte dos aprendizes é ainda motivada pela oportunidade de atuar na prática fenomênica atraídos muitas vezes pelo fantástico e pela curiosidade. Alcançar o título de médium, em obediência a meros preceitos do mundo, não representa esforço essencialmente difícil. Receber mensagens do Além e transmiti-las a outrem, simplesmente, pouca valia possui, a menos que se esteja com propósitos elevados.
Sabemos que o intercâmbio mediúnico é acontecimento natural e o médium é um ser humano como qualquer outro. O que o diferencia é o agir e servir, ajudar e socorrer sem recompensa e sem vangloriar-se, sabendo fazer bom uso do empréstimo que a Bondade Infinita lhe concedeu, e pautando-se pelas diretrizes de Jesus.
Não podemos nos esquecer de que como médiuns somos instrumentos nas mãos do divino Mestre - é indispensável afinar o nosso instrumento de serviço justamente pelo Seu diapasão. Todos podem transmitir recados espirituais, doutrinar irmãos e investigar a fenomenologia, mas para imantar corações em Jesus é indispensável sejamos fiéis servidores do bem, trazendo o cérebro repleto de inspiração superior e o coração inflamado na Fe viva.
Assim, todos aqueles que se veem convidados a atuar no Campo da mediunidade, devem ter muito claro que todo o trabalho sempre deverá ser feito em Espírito de muita fraternidade e em nome de Jesus. Quanto mais o médium se purifica mais se sintoniza com a espiritualidade elevada e, para se purificar, a prática do Evangelho é o melhor caminho.
O Espírito Emmanuel nos orienta: “quando termine cada dia, passam em revista as pequeninas experiências que partilhaste na estrada vulgar. Observa os sinais com que assinalaste os teus atos, recordando que a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si mesmo para o bem de todos” (VL 8).
“E tudo o quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens”. Paulo (Colossenses, 3:23).
(Pauta do livro Curso de Educação Mediúnica da FEESP)





Potenciais
Autodescobrir-se é conhecer seus próprios potenciais internos, perceber a capacidade de realização pessoal e enfrentar os processos de que a Vida exige envolvimento e solução. Quando nos conscientizamos que somos feitos da matéria prima de Deus, o espírito imortal, adquirimos a consciência de nosso poder interno.
A consciência da indestrutibilidade do espírito, isto é, de si mesmo, é fator fundamental para a descoberta e desenvolvimento dos potenciais interiores. Nossos potenciais são capacidades internas não utilizadas face ao desvio de energia psíquica para os desejos egóicos. Tais desejos, calcados no egoísmo atávico, resultante do nível de evolução da maioria dos habitantes do planeta, impedem que enxerguemos as habilidades já conquistadas em vidas passadas, bem como aquelas que podemos desenvolver na atual.
O desenvolvimento dessas habilidades pode ser impulsionado pelos pais, principalmente por aqueles que demonstraram capacidade de realização frente ao mundo, nas várias dimensões da Vida. Quando não são os pais que impulsionam, são os exemplos de familiares mais destacados no grupo, de professores, de mestres, de figuras religiosas, de heróis, bem como daqueles que constroem uma boa relação produtiva com a sociedade.
Para desenvolver e fazer desabrochar os potenciais do espírito, devemos acreditar em nossa criatividade e impulsioná-la para além dos limites impostos pela consciência racional, buscando penetrar nos meandros da mente, à maneira dos artistas, poetas e místicos da humanidade. Não há limites quando, através da oração sincera a Deus, e integrados nos Seus propósitos, usamos a inspiração, a intuição e a criatividade. Além da oração pode-se descobrir o próprio mundo interior através de meditações e de processos analíticos terapêuticos.
A Vida deve se tornar disponível para o Self, visto que nele se encontra a matriz diretora gerada pelo espírito.
(Reflexões do livro Psicologia e Espiritualidade de Adenàuer Novaes)





quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Ano III - Rio das Ostras - Edição Novembro 2019


Editorial

Amanhã  

“Digo-­vos que não sabeis o que acontecerá amanhã.”   (Tiago, 4:14.) 

Diz o preguiçoso: “Amanhã farei”.
Exclama o fraco: “amanhã, terei forças”.
Assevera o delinquente: “amanhã regenero-me”.
É imperioso reconhecer, porém, que a criatura, adiando o esforço pessoal, não alcançou, ainda, em verdade, a noção real do tempo.
Quem não aproveita a benção do dia, vive distante da glória do século.
Alma sem coragem de avançar cem passos, não caminhará vinte mil.
O lavrador que perde a hora de semear, não consegue prever as consequências da procrastinação do serviço a que se devota, porque, entre uma hora e outra, podem surgir impedimentos e lutas de indefinível duração.
Muita gente aguarda a morte para entrar numa boa vida, contudo, a lei é clara quanto à destinação de cada um de nós.
Alcançaremos sempre os resultados a que nos propomos.
Se todas as aves possuem asas, nem todas se ajustam à mesma tarefa, nem planam no mesmo nível.
A andorinha voa na direção do clima primaveril, mas o corvo, de modo geral, se consagra, em qualquer tempo, aos detritos do chão.
Aquilo que o homem procura agora, surpreenderá amanhã, à frente dos olhos e em torno do coração.
Cuida, pois, de fazer, sem delonga, quanto deve ser feito a benefício de tua própria felicidade, porque o Amanhã será muito agradável e benéfico somente para aquele que trabalha no bem, valorosamente, nas abençoadas horas de Hoje.
(Mensagem de Emmanuel, do livro Fonte Viva de Francisco Cândido Xavier)







Os bons espíritas

Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é, que outro. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam. Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as consequências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. A que atribuir isso? A alguma falta de clareza da Doutrina? Não, pois que ela não contém alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações.
A clareza e da sua essência mesma e é donde lhe vem toda a força, porque a faz ir direito à inteligência. Nada tem de misteriosa e seus iniciados não se acham de posse de qualquer segredo, oculto ao vulgo. Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, tanto que há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas saídos da adolescência, lhes apreendem, com admirável precisão, os mais delicados matizes. Provém isso de que a parte por assim dizer material da ciência somente requer olhos que observem, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do senso moral, maturidade que independe da idade e do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito encamado.
Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações. Atêm-se mais aos fenômenos do que a moral, que se lhes afigura banal e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar os arcanos do Criador.
Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das prevenções. Contudo, a aceitação do princípio da doutrina é um primeiro passo que lhes tornará mais fácil o segundo, noutra existência. Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral.
O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.
(Texto do ítem 4, cap. XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo)




Tua Benção

Não te queixes de cansaço na tarefa que Deus te confiou: um filho a orientar, um lar a manter, o bem a construir ou algum princípio nobre a defender.    
Recorda aqueles companheiros do mundo que suspiram por ligeira parcela das possibilidades que te enriquecem a vida: os que anseiam por movimentos livres e jazem parafusados no catre; os que desejariam comunicar aos semelhantes os mais belos sentimentos que lhes povoam a alma e sofrem a provação da mudez; os enfermos e desmemoriados que se atormentam na sede de um lar e sofrem a provação e vagueiam sem rumo, atirados à noite, mendigando assistência; e os outros muitos que aspirariam a socorrer aos irmãos em Humanidade, expondo as idéias de paz e reconforto, cultura e beleza que lhes brilham no espírito e permanecem trancados na obsessão ou que caminham dissipando os próprios recursos nas substâncias tóxicas que ainda não conseguiram erradicar das próprias vidas.
Teu trabalho – tua bênção.   
Seja lavrando o campo ou amoldando o metal suportando com paciência algum calvário doméstico ou sofrendo as vicissitudes das causas públicas, não digas que te encontras em sacrifício por agradar a teus pais ou a fim de acompanhar determinado amigo, de modo a prestigiar um parente amado ou em benefício desse ou daquele irmão.   
Se guardas o privilégio de servir, amparando aos outros, estás edificando a felicidade em favor de ti mesmo.    Lembra-te de que todos nos achamos interligados nas criações da Divina Sabedoria.   
Embora transformado e redistribuído por muitas mãos, à maneira da força elétrica que procede da usina, o trabalho que se te confia vem positivamente da Bondade de Deus.
(Mensagem de Meimei, do Livro Somente Amor de Francisco Cândido Xavier)


terça-feira, 1 de outubro de 2019

Ano III - Rio das Ostras - Edição Outubro 2019


Editorial

Ante o divino semeador

“Ouvi: eis que saiu o semeador a semear...” – Jesus (Marcos 4:3)

Jesus é o semeador da terra e a humanidade é a lavoura de Deus em Suas Mãos. Lembremo-nos da renúncia exigida à semente chamada à produção que se destina ao celeiro para que não venhamos a sucumbir em nossas próprias tarefas.
Atirada ao ninho escuro da gleba em que lhe cabe desabrochar, sofre extremo abandono, sufocada ao peso do chão que lhe esmaga o envoltório. Sozinha e oprimida, desenfaixa-se das forças inferiores que a constringem a fim de que os seus princípios germinativos consigam receber a bênção do céu.
Contudo, mal se desenvolve, habitualmente padece o assalto de vermes que lhe maculam o seio, quando não experimenta a avalancha de lama, por força dos temporais.
Ainda assim, obscura e modesta, a planta nascida crê institivamente na sabedoria da natureza que lhe plasmou a existência e cresce para o brilho solar, vestindo-se de frondes tenras e florindo em melodias de perfume e beleza para frutificar, mais tarde, nos recursos que sustentam a vida.
À frente do semeador sublime, não esmoreças ante os pesares da incompreensão e do isolamento, das tentações e das provas aflitivas e rudes.
Crê no Poder Divino que te criou para a imortalidade e, no silêncio do trabalho incessante no bem a que foste trazido, ergue-te para a Luz Soberana, na certeza de que, através da integração com o amor que nos rege os destinos, chegarás, sob a generosa proteção do Celeste Pomicultor, à frutificação da verdadeira felicidade.
(Mensagem de Emmanuel, do livro Antologia Mediúnica do Natal de Francisco Cândido Xavier)





Maneira de orar

O dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais umas às outras, fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer dever?
A prece do cristão, do espírita, seja qual for o seu culto, deve ele dizê-la logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até àquele dia; pela noite transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para haurir, no contacto com eles, mais força e perseverança. Deve ela subir humilde aos pés do Senhor, para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo, indulgência e misericórdia. Deve ser profunda, porquanto é a vossa alma que tem de elevar-se para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar nívea e radiosa de esperança e de amor.
A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: "Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende." Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com frequência exclamado: "Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças." Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós.
Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles. Não é ato de amor a Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade, moral ou física? Não é ato de reconhecimento o elevardes a ele o vosso pensamento, quando uma felicidade vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar: Sede bendito, meu Pai?! Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz, quando sentis que falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?! Isso independe das preces regulares da manhã e da noite e dos dias consagrados.
Como o vedes, a prece pode ser de todos os instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos trabalhos. Dita assim, ela, ao contrário, os santifica. Tende como certo que um só desses pensamentos, se partir do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai celestial do que as longas orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais apenas maquinalmente vos chama a hora convencional.
(Texto do Ítem 22, Cap. XXVIII do Evangelho Segundo o Espíritismo)







Página aos Pais

          Por maiores sejam os compromissos que te prendam a obrigações dilatadas, na esfera dos negócios ou na vida social, consagrarás à família as atenções necessárias.
          Lembrar-te-ás de que o lar é tão somente o refúgio que o arquiteto te planeou, baseando estudos e cálculos nos recursos do solo.
          Encontrarás nele o templo de corações em que as Leis de Deus te situam transitoriamente o Espírito, a fim de que aprendas as ciências da alma no intervalo doméstico.
          “Honrarás teu pai e tua mãe...” proclama a Escritura e daí se subentende que precisamos também dignificar nossos filhos.
          Ainda mesmo se eles, depois de adultos, não nos puderem compreender, nada impede venhamos a entendê-los e auxiliá-los, tanto quanto nos seja possível, sem que por isso necessitemos coarctar os planos superiores de serviço que nos alimentou o coração.
          Reconhecendo o débito irresgatável para com teus pais, os benfeitores que te entreteceram no mundo a felicidade do berço, darás aos teus filhos, com a luz do exemplo no dever cumprido, a devida oportunidade para a troca de impressões e de experiências.
          Se ainda não consegues ofertar-lhes o culto do Evangelho em casa, asserenando-lhes as perguntas e ansiedades, com os ensinamentos do Cristo, não te esqueças do encontro sistemático em família, pelo menos semanalmente, a fim de atender-lhes as necessidades da alma.
          Detém-te a registrar-lhes as indagações infanto-juvenis, louva-lhes os projetos edificantes e estimula-lhes o ânimo à prática do bem.
          Não abandones teus filhos à onda perigosa das paixões insofreadas, sob o pretexto de garantir-lhes personalidade e emancipação.
          Ajuda-os e habilita-os espiritualmente para a vida de hoje e de amanhã.
          Sobretudo, não adies o momento de falar-lhes e ouvi-los, pois a hora da tormenta de provações na viagem da Terra, se abate, mais dia menos dia, sobre a fonte de cada um, por teste de resistência moral, na obra de melhoria, resgate e aprimoramento que nos achamos empenhados.
          Persevera no aviso e na instrução, no carinho e na advertência, enquanto o ensejo te favorece, porquanto muito dificilmente conseguimos escutar-nos  uns aos outros por ocasião de tumulto ou tempestade, e ainda porque ensinar equilíbrio, quando o desequilíbrio já se instalou, significa, na maioria das vezes, trabalho fora de tempo ou auxílio tarde demais.
 (Mensagem de Emmanuel, do Livro Família de Francisco Cândido Xavier)



sábado, 31 de agosto de 2019

Ano III - Rio das Ostras - Edição Setembro 2019


Editorial

O Poder da Fé

Jesus nos esclarece que a fé possui um poder inimaginável, a ponto de “transportar montanhas”, como consta no evangelho de Mateus, ainda que pequena como um grão de mostarda. Esclarece, igualmente, que a fé se desenvolve através do trabalho incessante no bem. Não é algo que se adquire de uma hora para outra. Exige esforço, dedicação, perseverança.
A pessoa que tem a fé desenvolvida confia em Deus, no seu amor e providência, mas também em si mesma, por conhecer os próprios limites e a própria capacidade de ação. Sabe que a verdadeira fé jamais é confundida com a presunção, mas que esta deve ser conjugada à humildade, pois aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, nada pode sem Deus. Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm em auxílio.  [...]
Por outro lado, a fé legítima dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta confiança. O discípulo sincero reconhece, humilde, que perante as provações nem sempre é possível demonstrar a fé que gostaria.
Na verdade, o processo de aquisição da fé é trabalho cotidiano e persistente. As pessoas de caráter fraco ou que desanimam perante os obstáculos, demoram mais na construção do edifício da fé no íntimo do ser. Muitos iniciam essa aquisição através da religião, outros pelo controle mental, desenvolvido pela meditação e vontade disciplinada.
Em todos os lugares, vemos o obreiro sem fé, espalhando inquietação e desânimo. [...] E transita de situação em situação, entre a lamúria e a indisciplina, com largo tempo para sentir-se perseguido e desconsiderado. Em toda parte, é o trabalhador que não termina o serviço porque se responsabilizou ou o aluno que estuda continuadamente, sem jamais aprender a lição. Não te concentres na fé sem obras, que constitui embriaguez perigosa da alma, todavia, não te consagres à ação, sem fé no Poder Divino e em teu próprio esforço. O servidor que confia na Lei da Vida reconhece que todos os patrimônios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em vista disso, passa no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem incessante, completando as pequenas e grandes tarefas que lhe competem, sem enamorar-se de si mesmo na vaidade e sem escravizar-se às criações de que terá sido venturoso instrumento. Revelemos a nossa fé, através das nossas obras na felicidade comum e o Senhor conferirá à nossa vida o indefinível acréscimo de amor e sabedoria, de beleza e poder.
(Pauta de reflexão do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Ensinos e Parábolas de Jesus Parte 2 – FEB)



No Serviço Cristão

“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito, estando no corpo, para o bem ou para o mal.”  Paulo (II Coríntios, 5:10)

 Não falta quem veja no Espiritismo mero campo de experimentação fenomênica, sem qualquer significação de ordem moral para as criaturas. Muitos aprendizes da consoladora Doutrina, desse modo, limitam-se às investigações de laboratório ou a discussões filosóficas.
É imperioso reconhecer, todavia, que há tantas categorias de homens desencarnados, quantas são as dos encarnados. Entidades discutidoras, levianas, rebeldes e inconstantes transitam em toda parte. Além disso, incógnitas e problemas surgem para os habitantes dos dois planos. Em vista de semelhantes razões, os adeptos do progresso efetivo do mundo, distanciados da vida física, pugnam pelo Espiritismo com Jesus, convertendo-nos o intercâmbio em fator de espiritualidade edificante. Acreditamos que não se deve atacar outro círculo de vida, quando não nos encontramos interessados em melhorar a personalidade naquele em que respiramos. Não vale pesquisar recursos que não nos dignifiquem.
Eis por que para nós outros, que supomos trazer o coração acordado para a responsabilidade de viver, espiritismo não expressa simples convicção de imortalidade: é clima de serviço e edificação. Não adianta guardar a certeza na sobrevivência da alma, além da morte, sem o preparo terrestre na direção da vida espiritual. E nesse esforço de habilitação, não de não dispomos de outro guia mais sábio e mais amoroso que o Cristo.
Somente à luz de suas lições sublimes é possível reajustar o caminho, renovar a mente e purificar o coração. Nem tudo o que é admirável é divino. Nem tudo o que é grande é respeitável. Nem tudo o que é belo é santo. Nem tudo o que é agradável é útil. O problema não é apenas de saber. É o de reformar-se cada um para a extensão do bem.
Afeiçoemo-nos, pois, ao evangelho sentido e vivido, compreendendo o imperativo de nossa iluminação interior, porque, segundo a palavra oportuna e sábia do Apóstolo, “todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, a fim de recebemos, de acordo com o que realizamos, estando no corpo o bem ou o mal.
(Mensagem de Emmanuel do livro Pão Nosso de Francisco C. Xavier)





Espiritismo no Lar

      “Deus permite que, nas famílias, ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns e, para outros, de meio de progresso.”       Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo 4º — Item 18.

Todos sabemos valorizar o benefício de um copo d’água fria ou de uma ampola de injetável tranquilizante, ofertados num momento de grande aflição.
Reconhecemos a bênção do alfabeto que nos descortina as belezas do conhecimento universal e bendizemos quem no-lo imprimiu nos recessos da mente. Mantemos no carinho do espírito aqueles que nos ajudaram nos primeiros dias da reencarnação, oferecendo-nos amparo e amamentação. Somos reconhecidos àqueles que nos nortearam em cada hora de dúvida e não esquecemos o coração que nos agasalhou nos instantes difíceis do caminho renovador...
Muitos há, no entanto, que desdenham e esquecem todos os benefícios que recebem durante a vida... Há um inestimável benefício que te enriquece a existência na Terra: o conhecimento espírita. Esse é guia dos teus passos, luz nas tuas sombras e pão na mesa das tuas necessidades. Poucas vezes, porém, pensaste nisso.
Recebeste com o Espiritismo a clara manhã da alegria, quando carregavas noite nos painéis mentais e segues confiante, de passo firme, com ele a conduzir-te qual mãe desvelada e fiel. Se o amas, não o detenhas apenas em ti. Faze mais. Não somente em propaganda “por fora”, mas principalmente dentro do teu lar.
No lar se caldeiam os espíritos em luta diária nas tarefas de reajustamento e sublimação. Na família, os choques da renovação espiritual criam lampejos de ódios e dissenção, que podes converter em clarões-convites à paz.
Não percas a oportunidade de semear dentro de casa. Apresenta a tua fé aos teus familiares mesmo que eles não queiram escutar.
Utiliza o tempo, a psicologia da bondade e do otimismo e esparze as luminescências da palavra espírita no reduto doméstico. Se te recusarem ensejo, apresenta-o, agindo. Se te repudiarem conduze-o, desculpando. Se te ferirem espalha-o amando. Pelo menos, uma vez por semana, reúne a tua família e felicita-a com o Espiritismo, criando assim, e mantendo, o culto evangélico, para que a diretriz do Mestre seja eficiente rota de amor à sabedoria em tua casa...
Ali, na oportunidade, ouvidos desencarnados se imantarão aos ouvidos dos teus e escutarão; olhos atentos verão pelos olhos da tua família e se nublarão de pranto; mentes se ligarão às outras mentes e entenderão...
Sim, ouvidos, olhos e mentes dos desencarnados que habitam a tua residência se acercarão da mesa de comunhão com o Senhor, recebendo o pão nutriente para os espíritos perturbados através do combustível espírita que não é somente manancial para os homens da Terra, mas igualmente para os que atravessaram os portais do além-túmulo em doloroso estado de sofrimento e ignorância.
Agradece ao Espiritismo a felicidade que possuís, acendendo-o como chama inapagável no teu lar, para clarear os teus familiares por todos os dias.
O pão mantém o corpo. O agasalho guarda o corpo. O medicamento recupera o corpo. O dinheiro acompanha o corpo.
Seja o Espiritismo em ti o corpo do teu espírito emboscado no teu corpo, a caminhar pelo tempo sem fim para a imortalidade gloriosa. E se desejares felicidade na Terra, incorpora-o ao teu lar, criando um clima de felicidade geral.
(Mensagem de Joanna de Ângelis, no livro S.O.S Família de Divaldo P. Franco)



quarta-feira, 31 de julho de 2019

Ano III - Rio das Ostras - Edição Agosto 2019


Editorial


Promoção da Federação Espírita Brasileira

Dedica uma das sete noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa.
Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora. Jesus virá em visita.
Quando o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. Quando a família ora, Jesus se demora em casa.
Quando os corações se unem nos liames da Fé, o equilíbrio oferta bênçãos de consolo e a saúde derrama vinhos de paz para todos.
Jesus no Lar é vida para o Lar.
Não aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invariável.
Distende, da tua casa cristã, a luz do Evangelho para o mundo atormentado. Quando uma família ora em casa, reunida nas blandícias do Evangelho, toda a rua recebe o benefício da comunhão com o Alto.
Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos Céus a prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia, qual lâmpada ignorada, acesa na ventania. Não te afaste da linha direcional do Evangelho, entre os teus familiares.
Continua orando fiel, estudando com os teus filhos, e com aqueles a quem amas, as diretrizes do Mestre, e, quando possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova e examina as dificuldades que te perturbam ante a inspiração consoladora do Cristo.
Não demandes à rua, nessa noite, senão para os inevitáveis problemas que não possas adiar. Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar. E quando as luzes se apagarem à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, em casa, uma vez por semana em sete noites, ter Jesus contigo.
(Mensagem de Joanna de Ângelis, no livro Messe de Amor)




Proteção de Deus

“Por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes orando, crede que as haveis de ter, e que assim vos sucederão.” (Marcos, XI:24)

 Clamamos pela proteção de Deus, mas, não raro, admitimos que semelhante cobertura unicamente aparece nos dias de caminho claro e céu azul. O amparo divino, porém, nos envolve e rodeia em todos os climas da existência. Urge reconhecê-lo nos lances mais adversos.  
Às vezes, o auxílio do Todo Misericordioso tão somente se exprime através das doenças de longo curso ou das dificuldades materiais de extensa duração, preservando-nos contra quedas espirituais em viciação ou loucura. Noutros ângulos da experiência, manifesta -se pela cassação de certas oportunidades de serviço ou pela supressão de regalias determinadas que estejam funcionando para nós à feição de corredores para a morte prematura.
Proteção de Deus, por isso mesmo, é também o sonho que não se realiza, a esperança adiada, o ideal insatisfeito, a prova repentina ou o transe aflitivo que nos colhe de assalto.   Encontra-se no amor de nossos companheiros, na assistência de benfeitores abnegados, na dedicação dos amigos ou no carinho dos familiares, mas igualmente na crítica dos adversários, no tempo de solidão, na separação dos entes queridos ou nos dias cinzentos de angústia em que nuvens de lágrimas se nos represam nos olhos.  Isso ocorre porque a vida é aprimoramento incessante, até o dia da perfeição, e todos nós, com frequência, necessitamos do martelo do sofrimento e do esmeril do obstáculo para que se nos despoje o espírito dos envoltórios inferiores. 
Pensa nisso e toda vez que te sacrifiques ou lutes, de consciência tranquila, ou toda vez que te aflijas e chores, sem a sombra da culpa, regozija-se e espera o melhor, porque a dor, tanto quanto a alegria, são os recursos da proteção de Deus, impulsionando-te o coração para a luz das bençãos eternas.
(Mensagem de Emmanuel, no livro Rumo Certo de Francisco C. Xavier)






Pais Rígidos

Quando se tenta influenciar alguém com determinadas recomendações comportamentais certamente se atingirá algum núcleo perispiritual que promoverá reações de acordo com as experiências ali armazenadas. Quando se tenta ser, por exemplo, muito rígido, poder-se-á obter reações, as quais, de um lado, dependendo do conteúdo dos núcleos atingidos, poderá promover efeito contrário, isto é, rebeldia. De outro lado, poderão promover reações que, ao alcançarem o núcleo perispiritual correspondente, gerem dependência e submissão excessivas.
A rigidez de valores e atitudes denota um grande medo do desconhecido, do inesperado. O rígido é, no seu inconsciente, um apavorado. Por não saber lidar com conteúdos muito desafiadores a seus valores rígidos, defende-se na rigidez, que se torna então seu porto seguro e o ponto a partir do qual se baseia para fundamentar suas posturas e decisões. A necessidade de muitas regras ortodoxas para guiar a própria vida e a dos outros reflete uma ilegalidade oculta no inconsciente. Para não reconhecer as próprias falhas morais elege um código de rígidos valores na consciência, o qual serve de balizador seguro na vida.
Pais rígidos muitas vezes geram filhos que desejam reagir à tensão a que eram submetidos enquanto com eles conviviam. Essa rigidez muitas vezes é responsável pelo complexo de culpa que se instala nos filhos quando tomam alguma atitude que considerem que seria recriminada pelos pais.
É comum vê-se filhos de pais rígidos em atitudes socialmente inadequadas por força da necessidade de se verem livres dos limites exageradamente impostos por eles.
Os pais rígidos que geralmente se afastam afetivamente de seus filhos favorecem a transformação deles em pessoas, de um lado emocionalmente carentes, e do outro com dificuldades em estabelecer envolvimentos afetivos maduros.
A maioria assim age por receio de perder o controle que eles mesmos não conseguem consigo, caso agissem da forma como condenam. Querem controlar os outros por não saberem como fazê-lo consigo próprios. São déspotas por natureza e descontam suas raivas e incompreensões do passado naqueles a quem têm o dever de amar.
Quantas vezes, por falta de flexibilização, perdemos a oportunidade de usufruir um bem, de estar com alguém, de fazer algo e que mais adiante nos arrependemos por não termos feito? Quantas vezes nosso orgulho falou mais alto e deixamos de tomar atitudes por inflexibilidade e rigidez a normas que sempre quiséramos transgredir? Quantas vezes impomos aos outros comportamentos que nunca gostaríamos que nos impusessem? A quantas pessoas impomos regras que, fora de nossos olhos, sabíamos que seriam desobedecidas?
A não rigidez é também uma faceta das leis de Deus quando é o amor que deve prevalecer. Nós criamos um Deus à nossa imagem e semelhança, com características muito humanas e, portanto, inferiores. Deus é amor e misericórdia.
O Cristo nos ensina a flexibilizar para que a leveza faça parte de nossas atitudes para com a Vida.
Condescender com os equívocos do próximo é permitir-se experimentar a misericórdia de Deus.
Imaginar que a mensagem do Cristo é rígida, é transformá-la em uma doutrina militar que atende apenas a mentes que necessitam da rigidez em tempos de guerra. O que ele pregava era a simplicidade e o amor nas atitudes.
(Reflexões do livro Evangelho e Família de Adenàuer Novaes)