terça-feira, 2 de novembro de 2021

Ano V - Rio das Ostras - Edição Novembro 2021

 Editorial

 

A vida eterna

Não nos conformemos à pura condição de ouvintes, diante das verdades eternas. Como classificar o aluno que estuda indefinidamente, sem jamais aprender, ou o homem que desaprova sem experimentar?

Recordemos que tudo na vida é causa e efeito, ação e retribuição.

Quem realmente descobre algo importante para o bem não foge a demonstrações. Quem planta com segurança, colhe a tempo. Quem examina com atenção, adquire conhecimento. Quem analisa com imparcialidade, alcança o altar da justiça. Quem estima as indicações valiosas, procura segui-las. Quem sinceramente ama, auxilia sempre, agindo em favor do objeto amado.

No círculo das ideias superiores, a lei não difere. Se buscamos o "mais alto", não desdenhemos subir. Se pretendemos a sublimação, não nos cabe olvidar a disciplina. Se desejamos o equilíbrio ou a reestruturação, é necessário fugir à desarmonia. Se tentamos o convívio com as claridades da montanha, não podemos mergulhar o coração nas sombras do vale.

Se aspiramos à ressurreição, não menosprezemos o ato de renovar. Se sonhamos com a esfera maior, na largueza de nossos projetos e ideais, é imprescindível voar do campo restrito do "eu", à glória da vida universal.

As comparações simples lembram-nos as obrigações complexas, ante as leis que nos regem. Sejamos, assim, dedicados ouvintes procurando a posição dos bons executores das lições recolhidas e cedo alcançaremos o prêmio do amor e da sabedoria. Que representam as duas faces de nossa felicidade eterna.

(Mensagem de Emmanuel, no Livro Paz e Libertação de Francisco Cândido Xavier)


 
Renovação

Brilhe a vossa luz.

O supremo objetivo do homem, na Terra, é o da sua própria renovação.

Aprender, refletir e melhorar-se, pelo trabalho que dignifica — eis a nossa finalidade, o sentido divino de nossa presença no mundo.

Descendo o Cristo das esferas de luz da Espiritualidade Superior à Terra, teve por escopo orientar a Humanidade na direção do aperfeiçoamento.

“Brilhe a vossa luz” — eis a palavra de ordem, enérgica e suave, de Jesus, a quantos Lhe herdaram o patrimônio evangélico, trazido ao mundo ao preço do Seu próprio sacrifício.

A infinita ternura de Sua Angelical Alma sugere-nos, incisiva e amorosamente, o esforço benéfico: “Brilhe a vossa luz.”

O interesse do Senhor é o de que os Seus discípulos, de ontem, de hoje e de qualquer tempo, sejam enobrecidos por meio de uma existência moralizada, esclarecida, fraterna.

O Evangelho aí está, como presente dos céus, para que o ser humano se replete com as suas bênçãos, se inunde de suas luzes, se revigore com as suas energias, se enriqueça com os seus ensinos eternos.

O Espiritismo, em particular, como revivescência do Cristianismo, também aí está, ofertando-nos os oceânicos tesouros da Codificação.

Pode-se perguntar: De que mais precisa o homem, para engrandecer-se, pela cultura e pelo sentimento, se lhe não faltam os elementos de renovação, plena, integral, positiva?...

Que falta ao homem moderno, usufrutuário de tantas bênçãos, para que “brilhe a sua luz?

A renovação do homem, sob o ponto de vista moral, intelectual e espiritual, é difícil, sem dúvida.

Mas é francamente realizável.

É indispensável, tão somente, disponha-se ele ao esforço transformativo, com a consequente utilização desses recursos, desses meios, desses elementos que o Evangelho e o Espiritismo lhe fornecem exuberantemente, farta e abundantemente, sem a exigência de qualquer outro preço a não ser o preço de uma coisa bem simples: a boa vontade.

A disposição de automelhoria.

O homem, para renovar-se, tem que estabelecer um programa tríplice, como ponto de partida para a sua realização íntima, para que “brilhe a sua luz”, baseado no Estudo, na Meditação e no Trabalho.

ESTUDO: — O estudo se obtém através da leitura do Evangelho, dos livros da Doutrina Espírita e de quaisquer obras educativas, religiosas ou filosóficas, que o levem a projetar a mente na direção dos ideais superiores. O estudo deve ser meditado, assimilado e posto em prática, a fim de que se transforme em frutos de renovação efetiva, positiva e consciente: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos fará livres.”

MEDITAÇÃO: — A meditação é o ato pelo qual se volve o homem para dentro de si mesmo, onde encontrará a Deus, no esplendor de Sua Glória, na plenitude do Seu Poder, na ilimitada expansão do Seu Amor: “O Reino de Deus está dentro de vós.”

Através da prece, na meditação, obterá o homem a fé de que necessita para a superação de suas fraquezas e a esperança que lhe estimulará o bom ânimo, na arrancada penosa, bem como o conforto e o bem-estar que lhe assegurarão, nos momentos difíceis, o equilíbrio interior.

Na meditação e na prece haurirá o homem a sua própria tonificação, o seu próprio fortalecimento moral e a inspiração para o bem.

TRABALHO: — O trabalho, em tese, para o ser em processo de evolução, configura-se sob três aspectos principais: material, espiritual, moral. Através do trabalho material, propriamente dito, dignifica-se o homem no cumprimento dos deveres para consigo mesmo, para com a família que Deus lhe confiou, para com a sociedade de que participa.

Pelo trabalho espiritual, exerce a fraternidade com o próximo e aperfeiçoa-se no conhecimento transcendente da alma imortal. No campo da atividade moral, lutará, simultaneamente, por adquirir qualidades elevadas, ou, se for o caso, por sublimar aquelas com que já se sente aquinhoado.

Em resumo: aquisição, cultivo e ampliação de qualidades superiores que o distanciem, em definitivo, da animalidade em que jaz há milênios de milênios: “É na vossa perseverança que ganhamos as vossas almas.”

A estrada é difícil, o caminho é longo, repleto de espinhos e pedras, de obstáculos e limitações, porém, a meta é perfeitamente alcançável.

Uma coisa, apenas, é indispensável: um pouco de boa vontade. Boa vontade construtiva, eficiente, positiva.

O resto virá, no curso da longa viagem...

(Texto do Livro Estudando o Evangelho, de Martins Peralva)

 


 


Facho Libertador

Consolador prometido por Jesus, o Espiritismo alcança o homem por mensageiro divino, estendendo-lhe as chaves da própria libertação.

Rompe os limites que lhe circunvalam o planeta, em forma de horizontes, e descortina-lhe a visão do Universo, povoado de mundos inumeráveis, rasgando a venda de ilusão que lhe empana a ideia da vida.

Funde as grades da incompreensão, entre as quais se acredita cobaia pensante em vale de lágrimas, e fala-lhe da justiça perfeita e da bondade incomensurável do Criador que concede oportunidades iguais a todas as criaturas, nos planos multiformes da Criação, extirpando a cegueira que lhe escurece o entendimento e ensinando-lhe a reconhecer que deve a si mesmo o bem ou mal, que lhe repontem da senda.

Parte as grilhetas de sombra, que lhe encerram a inteligência em falsos princípios de maldição e favor, impropriamente atribuídos à Excelsa Providência, e oferece-lhe o conhecimento da reencarnação do espírito, em aperfeiçoamento gradativo na Terra ou em outros mundos.

Derrete as algemas de tristeza que lhe aprisionam o sentimento, na tenebrosa perspectiva de eterno adeus perante a morte, e clareia-lhe o raciocínio na consoladora luz da sobrevivência, para além da estância física. Solucionando em cada um de nós os problemas da evolução e do ser, da dor e do destino, o Espiritismo é o facho libertador, desatando correntes de angústia, demolindo muralhas de separação, eliminando clausuras de pessimismo e abolindo cativeiros de ignorância.

Se te encontras, quanto nós, entre aqueles que tanto recebem da Nova Revelação, perguntemos a nós mesmos o que lhe damos em serviço e apoio, cooperação e amor, porque sendo o Espiritismo crédito e prestígio de Cristo entregues às nossas consciências endividadas, é natural que a conta e o rendimento que se relacionem com ele seja responsabilidade em nossas mãos.

(Mensagem do Livro Opinião Espírita de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)