quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Ano II - Rio das Ostras - Edição Agosto 2018


Editorial
                     
Herdeiros  
                                                                                                             “E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também,
herdeiros de Deus e co-herdeiros do Cristo.”
Paulo (Romanos, 8:17)

Incompreensivelmente, muitas escolas religiosas, através de seus expositores, relegam o homem à esfera de miserabilidade absoluta.
Púlpitos, tribunas, praças, livros e jornais estão repletos de tremendas acusações.
Os filhos da Terra são categorizados à conta de réus da pena última. Ninguém contesta que o homem, na condição de aluno em crescimento na Sabedoria Universal, tem errado em todos os tempos; ninguém ignora que o crime ainda obceca, muitas vezes, o pensamento das criaturas terrestres; entretanto, é indispensável restabelecer a verdade essencial. Se muitas almas permanecem caídas, Deus lhes renova, diariamente, a oportunidade de reerguimento.
Além disso, o Evangelho é o roteiro do otimismo divino. Paulo, em sua epístola aos romanos, confere aos homens, com justiça, o título de herdeiros do Pai e co-herdeiros de Jesus. Por que razão se dilataria a paciência do Céu para conosco, se nós, os trabalhadores encarnados e desencarnados da Terra, não passássemos de seres desventurados e inúteis? Seria justa a renovação do ensejo de aprimoramento a criaturas irremediavelmente malditas?
É necessário fortalecer a fé sublime que elevamos ao Alto, sem nos esquecermos de que o Alto deposita santificada fé em nós. Que a Humanidade não menospreze a esperança. Não somos fantasmas de penas eternas e sim herdeiros da Glória Celestial, não obstante nossas antigas imperfeições. O imperativo de felicidade, porém, exige que nos eduquemos, convenientemente, habilitando-nos à posse imorredoura da herança divina.
Olvidemos o desperdício da energia, os caprichos da infância espiritual e cresçamos, para ser, com o Pai, os tutores de nós mesmos.
(Mensagem de Emmanuel, no Livro Vinha de Luz de Francisco Cândido Xavier)



















Examinemos a nós mesmos

 LE - Questão 919

O dever do espírita-cristão é tornar-se progressivamente melhor. Útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima. Espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário.
Testa a paciência própria:- Estás mais calmo, afável e compreensivo? Inquire as tuas relações na experiência doméstica: - Conquistaste mais alto clima de paz dentro de casa? Investiga as atividades que te competem no templo doutrinário: - Colaboras com mais euforia na seara do Senhor? Observa-te nas manifestações perante os amigos: - Trazes o Evangelho mais vivo nas atitudes? Reflete em tua capacidade de sacrifício: - Notas em ti mesmo mais ampla disposição de servir voluntariamente? Pesquisa o próprio desapego: - Andas um pouco mais livre do anseio de influência e de posses terrestres? Usas mais intensamente os pronomes "nos", "nosso" e "nossa" e menos os determinativos "eu", "meu" e "minha"? Teus instantes de tristeza ou de cólera surda, às vezes tão conhecidos somente por ti, estão presentemente mais raros? Diminuíram-te os pequenos remorsos ocultos no recesso da alma? Dissipaste antigos desafetos e aversões? Superastes os lapsos crônicos de desatenção e negligência? Estudas mais profundamente a Doutrina que professas? Entendes melhor a função da dor? Ainda cultivas alguma discreta desavença? Auxilias aos necessitados com mais abnegação?  Tens orado realmente? Teus ideais evoluíram? Tua fé raciocinada consolidou-se com mais segurança? Tens o verbo mais indulgente, os braços mais ativos e as mãos mais abençoadoras? Evangelho é alegria no coração: - Estás, de fato, mais alegre e feliz intimamente, nestes três últimos anos?
Tudo caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento individual com o Cristo! Sopesa a existência hoje, espontaneamente, em regime de paz, para que te não vejas na obrigação de sopesá-la amanhã sob o impacto da dor. Não te iludas! Um dia que se foi é mais uma cota de responsabilidade, mais um passo rumo à Vida Espiritual, mais uma oportunidade valorizada ou perdida. Interroga a consciência quanto à utilidade que vens dando ao tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem que desfrutas na vida diária. Faze isso agora, enquanto te vales do corpo humano, com a possibilidade de reconsiderar diretrizes e desfazer enganos facilmente, pois, quando passares para o lado de cá, muita vez, já será mais difícil...
(Mensagem de Emanuel e André Luís, do Livro Opinião Espírita de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)




A Lição do Esquecimento

Não fosse o olvido temporário que assegura o refazimento da alma, na reencarnação, segundo a misericórdia do Senhor que lhe orienta a reta justiça, decerto teríamos no mundo, ao invés da escola redentora, a jaula escura e extensa, onde os homens se converteriam em feras a se digladiarem indefinidamente.
Não fosse o dom do esquecimento que envolve o berço terrestre, o ódio viveria eternizado transformando a Terra em purgatório angustioso e terrível, onde nada mais faríamos que chorar e lamentar, acusar e gemer.
A Divina Bondade, contudo, em cada romagem do espírito no campo do mundo, confere-lhe no corpo físico o arado novo suscetível de lhe valorizar a replantação do destino, no rumo do porvir.
De existência a existência, o Senhor vela-nos caridosamente a memória, a fim de que saibamos metamorfosear espinhos em flores e aversões em laços divinos.
O Pai, no entanto, com semelhante medida, não somente nos ampara com a providencial anestesia das chagas anteriores, em favor do nosso êxito em novos compromissos.
Com essa dádiva, Ele que nos reforma o empréstimo do ensejo de trabalho, de experiência à experiência, nos induz à verdadeira fraternidade, para o esquecimento de nossas recíprocas, dia à dia.
Aprendamos a olvidar as úlceras e as cicatrizes, as deformidades e os defeitos do irmão de jornada, se nos propomos efetivamente a avançar para diante, em busca de renovadores caminhos.
Cada dia é como que a “reencarnação da oportunidade”, em que nos cabe aprender com o bem, redimindo o passado e elevando o presente, para que o nosso futuro não mais se obscureça.
Nas tarefas de redenção, mais vale esquecer que lembrar, a fim de que saibamos mentalizar com segurança e eficiência a sublimação pessoal que nos cabe atingir.
O Senhor nos avaliza os débitos, para que possamos adquirir os recursos destinados ao nosso próprio reajustamento à frente da Lei.
Recordemos o exemplo do Céu, destruindo os resíduos de sombra que, em forma de lamentação e de queixas, emergem ainda à tona de nossa personalidade, derramando-se em angústia e doença, através do pensamento e da palavra, da voz e da atitude.
Exaltemos o bem, dilatemo-lo e consagremo-lo nos menores Gestos e em nossas mínimas tarefas, a cada instante da vida, e, somente assim,
aprenderemos com o Senhor a olvidar a noite do pretérito, no rumo da alvorada que nos espera no fulgor do amanhã.
(Mensagem de Emmanuel, do Livro Família de Francisco Cândido Xavier)