terça-feira, 1 de novembro de 2022

Ano VI - Rio das Ostras - Edição Novembro 2022

 Editorial

 

Não desfalecer

 

... “Orar sempre e nunca desfalecer.” – Lucas, 18:1

 

Não permitas que o serviço do próprio corpo te inabilite para a solução dos problemas externos, inclusive os da tua própria iluminação espiritual.

Enquanto te encontras no plano de exercício, qual a Crosta da Terra, sempre serás defrontado pela dificuldade e pela dor.

A lição dada é caminho para novas lições. Atrás do enigma resolvido, outros enigmas aparecem.

Outra não pode ser a função da escola, senão ensinar, exercitar e aperfeiçoar.

Enche-te, pois, de calma e bom ânimo, em todas as situações.

Foste colocado entre obstáculos mil de natureza estranha para que, vencendo inibições fora de ti, aprendas a superar as próprias limitações.

Enquanto a comunidade terrestre não se adaptar à nova luz, respirarás cercado de lágrimas inquietantes, de gestos impensados e de sentimentos escuros.

Dispõe-te a desculpar e auxiliar sempre, a fim de que não percas a gloriosa oportunidade de crescimento espiritual.

Lembra-te de todas as aflições que rodearam o espírito cristão, no mundo, desde a vinda do Senhor.

Onde está o Sinédrio que condenou o Amigo Celeste à morte?

Onde os romanos vaidosos e dominadores?

Onde os verdugos da Boa Nova nascente?

Onde os guerreiros que desabotoaram, em torno do Evangelho, rios escuros de sangue e suor?

Onde os príncipes astutos que combateram e negociaram em nome do Renovador Crucificado?

Onde as trevas da Idade Média?

Onde os políticos e inquisidores de todos os matizes que feriram, em nome do Excelso Benfeitor?

Arrojados pelo tempo aos despenhadeiros de cinza, fortaleceram e consolidaram o pedestal de luz, em que a figura do Cristo resplandece, cada vez mais gloriosa, no governo dos séculos.

Centraliza-te no esforço de auxiliar no bem comum, seguindo com a tua cruz, ao encontro da ressurreição divina.

Nas surpresas constrangedoras da marcha, recorda que antes de tudo, importa orar sempre, trabalhando, servindo, aprendendo, amando e nunca desfalecer.

Ao longo de teus passos, aparece no mundo a sementeira do bem, que te pede renúncia e boa vontade, sacrifício e compreensão.

O mensageiro do Cristo é o braço do Evangelho.

(Emmanuel no livro Alvorada do Reino de Francisco Cândido Xavier)

 


Deixar aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos

7. Disse a outro: Segue-me; e o outro respondeu: Senhor, consente que, primeiro, eu vá enterrar meu pai. - Jesus lhe retrucou: Deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o reino de Deus. (S. LUCAS, cap. IX, vv. 59 e 60.)

8. Que podem significar estas palavras: "Deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos"? As considerações precedentes mostram, em primeiro lugar, que, nas circunstâncias em que foram proferidas, não podiam conter censura àquele que considerava um dever de piedade filial ir sepultar seu pai. Tem, no entanto, um sentido profundo, que só o conhecimento mais completo da vida espiritual podia tomar perceptível. A vida espiritual é, com efeito, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da outra. O corpo não passa de simples vestimenta grosseira que temporariamente cobre o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, do qual se sente ele feliz em libertar-se. O respeito que aos mortos se consagra não é a matéria que o inspira; é, pela lembrança, o Espírito ausente quem o infunde. Ele é análogo àquele que se vota aos objetos que lhe pertenceram, que ele tocou e que as pessoas que lhe são afeiçoadas guardam como relíquias. Era isso o que aquele homem não podia por si mesmo compreender. Jesus lho ensina, dizendo: Não te preocupes com o corpo, pensa antes no Espírito; vai ensinar o reino de Deus; vai dizer aos homens que a pátria deles não é a Terra, mas o céu, porquanto somente lá transcorre a verdadeira vida.

(ESSE – Cap. XXIII)

 


 

Ação da prece - Transmissão do pensamento

 

A prece é uma invocação. Por meio dela pomos o pensamento em relação com o ente a quem nos dirigimos.

Ela pode ter por escopo, um pedido, um agradecimento ou uma glorificação. Pode-se dizer para si ou para os mortos.

As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução da sua vontade; as que são dirigidas aos bons Espíritos são levadas a Deus.

Quando se ora a outros seres, além de Deus, é simplesmente como a intermediários ou intercessores, pois nada se pode obter sem a vontade de Deus.

O Espiritismo faz compreender a ação da prece explicando o processo da transmissão do pensamento: quer o ser por quem se ora venha ao nosso chamado, quer o nosso pensamento chegue até ele. (Vide "O Evangelho Segundo o Espiritismo").

Para compreender o que se passa nessa circunstância, convém afigurar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no mesmo fluido universal que ocupa o espaço, como neste planeta estamos nós na atmosfera. Esse fluido recebe uma impulsão da vontade.

É o veículo do som com a diferença que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito.

Então, logo que o pensamento é dirigido para um ser qualquer na Terra ou no espaço, de encarnado a desencarnado ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um para outro, transmitindo o pensamento como o ar transmite o som.

A energia da corrente está na razão da energia do pensamento e da vontade.

É por esse meio que a prece é ouvida pelos Espíritos onde quer que estejam; que eles se comunicam entre si; que nos transmitem as suas inspirações; que as relações se estabelecem à distância, entre os encarnados, etc.

Esta explicação é principalmente dada a quem não compreende a utilidade da prece puramente mística.

Não tem por fim materializar a prece, mas dar-lhe efeito inteligível, demonstrando que ela pode ter ação direta efetiva, sem, por isso, deixar de ser subordinada à vontade de Deus, Juiz Supremo de todas as coisas, do qual somente depende a eficácia da ação.

Allan Kardec

(Cap. V do livro Preces Espíritas de Cairbar Schutel)